26/12/2004

And so this is Christmas...



E lá se vai mais um Natal. Época de luzes, presentes, despedidas de final de ano, felicitações a pessoas que você mal conversou o ano inteiro, e chuva, muita chuva. Certos clichês não morrem nunca: ontem mesmo a Globo passou o clássico natalino Esqueceram de Mim II - Perdido em Nova York. O Papai Noel do BH Shopping também continua lá, sofrendo com os pentelhos, mas agora sendo ajudado por uma legião de Mamães Noéis e ainda dois anões vestidos de duendes que, se eu fosse criança, ficaria com medo.

Mas sei lá. Depois que a gente descobre que o Papai Noel não é simplesmente um bom velhinho que distribui presentes, como seria simples e lógico, mas sim um embuste, uma conspiração armada por todos os pais do mundo com o auxílio da mídia, os Natais começam a perder a graça. E olha que eu acreditei em Papai Noel até uns bons nove anos de idade, muito mais do que a maioria das crianças de hoje. Mas de repente os relatos de meus primos e dos colegas de escola começaram a denunciar a conspiração paternal. Aquele Papai Noel que aparecera na madrugada do dia 24, por exemplo, nada mais era, descobriu-se, do que um tio fantasiado. Chegou uma hora em que tive que aceitar a dura realidade da não-existência de Noel, seus duendes, suas renas e sua fábrica de brinquedos no Pólo Norte (seria o geográfico ou o magnético?). O engraçado é que, no Coelhinho da Páscoa, eu já não acreditava fazia muito tempo. Pra mim, ele sim tinha sido criado pela mídia para vender mais chocolates na Páscoa, na esteira do altruísmo sincero do velhinho de gorro vermelho.

As soluções encontradas por meus pais pra mascarar a verdade eram engenhosas. Quando eu escrevia as cartas, meu pai prometia que ia mandálas pelo correio para o Papai Noel. Muito tempo depois, no entanto, descobri todas essas cartas numa gaveta no quarto dele, e fui questioná-lo. "É que eu mandei lá na empresa, por fax", respondeu ele.

Outra coisa que me intrigava eram as etiquetas de lojas que vinham nos meus presentes. "Se o Papai Noel tem uma fábrica de brinquedos", perguntei à minha mãe, "por que tem essas etiquetas de lojas?". Ela explicou que a quantidade de brinquedos que as crianças do mundo inteiro pediam era enorme, e por isso o Papai Noel mantinha convênio com várias lojas, onde adquiria os presentes que não podia fabricar. Olha só, convênio. E o pior é que fazia sentido.

Hoje em dia minhas esperanças a respeito de Noel já foram pela chaminé há muito tempo, principalmente depois que descobri um texto chamado Papai Noel existe?, que prova a impossibilidade de sua existência através das leis da física e que disponibilizei na minha antiga (e bota antiga nisso) página de piadas, a Bullshit. Ho, ho, ho!

Ouvindo: Ramones, Merry Christmas (I Don't Want To Fight Tonight).

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Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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