17/01/2005

"I´m your father..."



"Faça ou não faça. Não existe tentar", diz Yoda, uma espécie de Sr. Miaghy num corpo de Gremlin, num determinado momento de O Império Contra-Ataca. Ele diz isso porque não conhece meu vídeo-cassete. Lutei contra o bicho e precisei de três tentativas pra poder, finalmente, rever o primeiro episódio (digo, quarto) do conto da carochinha espacial anteriormente conhecido como Guerra nas Estrelas (hoje, o pessoal só fala Istaruórs). Estou aproveitando o ócio das férias pra conferir esses filmes tidos como "clássicos" que nunca tinha assistido direito. Como Tubarão e seu estômago insaciável, e o primeiro Exterminador do Futuro, que traz Arnoldão, atual governador, matando sem falar muito, como só ele.

Decidi, pois, assistir aos três episódios da primeira trilogia (digo, segunda) de "Star Wars". Já tinha visto Uma Nova Esperança no saudoso Palladium aqui de BH, quando foi relançado nos cinemas, em 1997, e aluguei a fita ano passado, disposto a prestar mais atenção do que quando tinha 12 anos. Não deu. O vídeo-cassete estava passando por sérios problemas - velhice? preguiça de trabalhar? cabeçote sujo? - e tive que devolver o filme sem ver. Na primeira semana de 2005, resolvi alugar de novo e consegui ver boa parte, mas logo quando Luke Skywalker sobe na nave para a barulhenta batalha final no vácuo do espaço sideral... puf! O vídeo deu pau de novo, e só voltou a funcionar no dia seguinte. Resultado: três diárias para ver um filme que nem é lá essas coisas. Foi revolucionário na época e tem seus momentos interessantes, principalmente nas cenas passadas dentro da base inimiga, quando a galera da Força parte para resgatar a Princesa Léia e seu penteado inusitado. Mas, no geral, é um filme superficial, mais interessado em exibir seus (d)efeitos especiais do que em contar uma boa história, que é afinal, pra que servem os filmes.

Nos outros dois episódios, a coisa muda de figura. O Império Contra-Ataca volta com a trupe de sempre: a princesa de múltiplos cabelos; Han Solo e sua canalhice divertida; o robozinho tagarela e o que só faz barulhinhos; Darth Vader e sua voz de locutor; e o personagem mais sem-sal da trilogia, por acaso o mocinho da história, Luke Skywalker. O clima do filme, porém, está mais pra "Tela Quente" do que pra "Sessão da Tarde". A trilha sonora do soberbo John Williams vem acrescida da não menos soberba Marcha Imperial. Tramóias e maracutaias rolam soltas pela galáxia. E a revelação mais famosa da saga ainda causa arrepios, mesmo que todos estejamos, hoje em dia, carecas de saber do grau de parentesco entre certos personagens.

O Retorno de Jedi, terceiro (digo, sexto) e último filme da série, traz, além de um título meio mal-traduzido, a certeza de que, bem ou mal, o bem sempre vence o mal, no final. Mostra personagens quase tão estranhos quanto a definição de "biselho", como Jabba "Geleião" the Hutt e os guerrilheiros de pelúcia que tratam o robozinho tagarela como uma divindade. Revela mais conexões genealógicas, tornando um tanto esquisitos os beijos de Luke e Léia no primeiro filme. E tem ainda Darth Vader em seu momento mais assustador: quando tira a máscara e mostra ao público sua legítima "cara-pálida".

"Star Wars", a série original, é uma boa trilogia. Vai melhorando a cada filme - coincidência ou não, só o primeiro e mais fraquinho foi dirigido por meu quase-xará George Lucas -, ao contrário das decepcionantes seqüências, por exemplo, de Jurassic Park, Pânico e Matrix. Já a trilogia starwariana mais nova, cujos dois primeiros filmes pude ver no cinema e achei tão razoáveis quanto Uma Nova Esperança, ainda tem a chance de se salvar ao mostrar, no Episódio III que sai esse ano, a chegada do homem de respiração abafada ao poder, com a Marcha Imperial, esperamos, tocando ao fundo. Que a Força esteja conosco.

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Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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