25/04/2005

Prompt



1992 foi o ano das Olimpíadas de Barcelona, do impeachment do Collor e também o ano em que chegou lá em casa o nosso primeiro computador. Eu tinha 7 anos e fiquei maravilhado: era um 386, monitor preto & branco, e uma velocidade impressionante de 17 megahertz. Antes que você ria de um computador tão lerdo, informo: apertando o "turbo" ele aumentava para assombrosos 25 megahertz. Sim, eu sou da época em que o botão "turbo" ainda existia.

Saudosos tempos aqueles. Eu passava horas desenhando no Paintbrush, escrevendo no Write e usando o DOS, em que você tinha que digitar "win" no prompt (lembra do prompt?) para entrar no Windos, que na época era o 3.1. Os joguinhos eram outra coisa fantástica. Um dos meus preferidos era o Prince of Persia, que nunca consegui zerar do jeito honesto, só fazendo mutreta mesmo pra chegar à última fase. Lembro um dia que meu pai chegou do trabalho e trouxe um disquete com dois jogos: Gorilla e Nibbles. Gorilla era um que tinha dois macacões, cada um controlado por um jogador, um em cada canto da tela. O objetivo era tacar uma banana explosiva e acertar em cheio na cabeça do adversário. Para tanto, você tinha que informar a velocidade da bananada e o ângulo de inclinação do tiro. Imaginem uma criança de 7 anos digitando o ângulo de inclinação. Eu ficava encucado, sem saber o porquê do computador não aceitar um número maior que 360. Já o Nibbles era nada menos que o ancestral do Snake (ou Serpente, ou "Cobrinha") dos celulares, só que em vez de simples pontinhos você tinha que pegar números, um de cada vez, e sempre que chegava no 9 mudava de fase. Muito bom, muito bom.

Esse computador pré-histórico teve seu fim em 1996, quando meu pai vendeu pra algum maluco que quis comprar um 386, já que na época o bambambam do mercado era o Pentium de 100 megahertz, com kit multimídia. Demorou mais de dois anos para que comprássemos outro, e dessa vez, claro, com um monitor colorido, meu sonho nos tempos de Paintbrush. Era um Pentium II com um disco rígido imenso, de 8 gigabytes. Tá certo, até os celulares de hoje em dia têm mais memória, mas não ria. Foi com esse computador que escrevi todos os posts do bISELHO até esse aqui, que digito num Pentium IV com pouco mais de uma hora de uso. Agora tenho 80 gigas livres para encher de porcaria, uma velocidade de 2.4 gigahertz (pra quem começou com 17, até que tá bom) e outras configurações que certamente serão motivo de desprezo e chacota daqui a dez anos. O treco só é meio barulhento, parece um aspirador de pó, de resto tá uma beleza.

Mas sei lá. Acho que vou instalar o Prince of Persia.

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Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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