10/07/2005

Meia volta ao mundo em 2 ou 3 dias



Quarta-feira 6 de julho, dez e pouco da manhã, horário de Beagá. Path e eu saímos do Aeroporto Internacional de Confins, que de internacional não tem nada, de lá só sai vôo pra Rio, São Paulo e Porto Seguro. Vôo relativamente rápido até Guarulhos, onde efetivamente se inicia nossa maratona de chá de aeroporto. Comento brincando com ela: "Podia ter alguém com um plaquinha com os nomes da gente, né?" E não é que tinha mesmo? Duas divertidas funcionárias da Belvitur nos recebem e nos ajudam a fazer o check-in na Lan Chile, empresa pela qual voaremos até Santiago. Nesse meio tempo até embarcarmos de novo, almoçamos no Pizza Hut do aeroporto (olhos da cara); fuçamos todos os livros da La Selva Bookstore; tomamos um capuccino enquanto presenciamos a algazarra que fazem um bando de torcedores são-paulinos e ajudamos uma senhora paraguaia que não sabia falar necas de português a ligar pra casa.

Vôo para o Chile, quatro horas de viagem. Me recuso a ver o filme que passaram: Miss Simpatia 2. Tripulantes e passageiros, em sua maioria, chilenos. Como pedir um refrigerante? "Aeromueça, yo quiero una cueca-cuela?" Melhor falar inglês. As únicas pessoas que falavam nossa língua por perto são três meninas à nossa frente, que coincidentemente também estão indo para a Austrália e coincidentemente também são de Beagá. Acabamos fazendo amizade com elas e descobrimos a terceira coincidência: elas voltarão exatamente nos mesmos vôos que a gente, exatamente um mês após a data de partida.

Algumas horas no aeropuerto do Chile. Procuro algum chaveirinho pra levar de lembrança mas o mais legal que encontro, um moai da Ilha de Páscoa, custa 15 dólares. Melhor comer. Fazemos uma breve refeição numa lanchonete onde conhecemos o garçom Rodolfo Morales, gente boa, se mostra interessado pelo futebol brasileiro.

Embarcamos para a Nova Zelândia por volta das onze da noite. Treze horas sobre o Oceano Pacífico. Vão por mim, é muito. Path se divertiu mais que eu, viu filmes, seriados, jogou vídeo-game (o controle remoto da TV virava joystick!). Eu dormi um sono picado, numa cadeira desconfortável, meio enjoado, mas deu pra assistir a um episódio (fraquinho) de Friends e ouvir o Let it Be... Naked dos Bítous. Desembarcamos em Auckland, New Zealand, por volta das quatro da manhã. Nem sei mais que horas são no Brasil. Vemos uma manchete de jornal: "London attacked". Como assim, voamos um bocado e quando a gente chega o mundo tá acabando? E o ataque terrorista todo foi no dia 7 de julho. Eu não tive o dia 7 de julho. Saímos do Chile oito da noite da quarta-feira e chegamos na Nova Zelândia às quatro da manhã... de sexta-feira. Triste isso, saber que nunca terei lembranças de um 7 de julho de 2005.

Quase às sete saímos de Auckland e rumamos para Brisbane, Austrália, num vôo de quatro horas bem melhor que o de treze. Como companheiros de viagem, dezenas de criancinhas (provavelmente) americanas de blusa vermelha, em excursão pra Sydney. Desembarcamos na terra dos coalas, passamos pela alfândega, e é claro que o neguinho de lá ia suspeitar das comidas brasileiras que eu estou levando pro meu pai. Farinha de mandioca, então... e como explicar, em inglês, o que é polpa de pequi?

No mesmo aeroporto, trocamos nossos dólares americanos por dólares australianos, uma moeda com algumas peculiaridades. Por exemplo, as notas são cada uma de um tamanho, e a moeda de 2 dólares é bem menor que a de 1. De lá, pegamos um trenzinho pro aeroporto doméstico de Brisbane. É igualzinho o metrô de Belo Horizonte e não durou nem dois minutos. E tome chá de aeroporto. Comemos mais fast food, fuçamos mais livrarias, vimos as criancinhas de vermelho embarcarem pra Sydney. O vôo para Mackay, onde meu pai mora, foi num avião pequeno, com escala em um pequena cidade chamada Rockhampton. Dessa vez, pelo menos, não tivemos que deixar o avião. Aliás, não me falem em avião pelos próximos trinta dias.

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Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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