01/12/2005

Próxima edição

O apartamento ficou pequeno pro tanto de tralhas que veio da casa do meu pai. Minha coleção de revistas em quadrinhos, encaixotada já há algum tempo, entrou na dança e foi obrigada a ser desmembrada, coitada. A maior parte delas eu tinha juntado entre 1997 e 2000, e doei pra uma colega minha cuja família é toda comics-addict. Mantive apenas o filé da coleção: Batman: o Cavaleiro das Trevas, Watchmen, V de Vingança, obras que ultrapassam a bobajada maniqueísta que permeia boa parte dos quadrinhos americanos, e que tão cedo não penso em passar pra frente. O bom foi que, com a necessidade de reabrir as caixas empoeiradas com as revistas, me voltou a vontade de reler várias daquelas histórias. 2005 marcou, portanto, minha volta ao mundo dos quadrinhos. Mas não que eu tenha retornado completamente: afinal, das HQs realmente inéditas que li durante este ano, a grande maioria eu peguei emprestado.

Um top 5 sem posições:



Sin City - A Dama Fatal

Fosse um tempo atrás eu precisaria explicar que não, não se trata de uma versão quadrinística do clássico joguinho de computador. O status e a fama das histórias de Frank Miller aumentou bastante depois do lançamento do filme, Sin City - a Cidade do Pecado, a mais fiel adaptação de HQ de todos os tempos, e um dos melhores filmes do ano. Esse A Dama Fatal tem como personagem principal o detetive Dwight (que também protagoniza uma das histórias do filme), que se vê às voltas com uma ex-namorada. Será a história-base para o próximo Sin City a ser lançado nos cinemas. Aguardamos ansiosamente.



Superman - Entre a Foice e o Martelo

Uma premissa interessantíssima: o que aconteceria se a nave do Super-Homem não tivesse caído numa cidadezinha estadunidense, mas num vilarejo na União Soviética? Em três edições, passamos por um Clark Kent comunista, um Batman revolucionário, um Super-Homem que sucede Stálin e um Lex Luthor fodaço, mais inteligente que nunca. Além do final mais surpreendente que vi numa HQ em muito tempo.



1602

Outra que tem um cunho histórico: como seria se os heróis da Marvel vivessem na Europa pós-medieval? A trama se passa, como se poderia imaginar, no ano de 1602. Capitão América é um indiozão do Novo Mundo. Magneto é um inquisidor. Demolidor é um trovador cego, e por aí vai. É muito divertido ficar caçando quem é quem na história - e na História, já que alguns notórios reis e rainhas também dão as caras (e as coroas).



Asilo Arkham

Uma espécie de "Alice no País das Maravilhas" malucão. Os criminosos do Asilo Arkham tomam conta do manicômio e exigem a presença do Batman ("O Bátima!!!!") no local pra soltar a galera. Diálogos ora engraçadíssimos, ora perturbadores, totalmente insanos. Sem falar nos vilões do Batman, que sempre roubam a cena.



MAUS

Meu novo xodó da coleção. Fiquei esperando anos pra comprar, simplesmente porque a edição em português estava esgotada no mercado. Parece um livro, são quase 300 páginas de narrativa bem bolada, metalinguagens adequadas e um relato fiel da Polônia durante a Segunda Guerra e os campos de concentração, especialmente Auschwitz, onde esteve o pai do autor. Art Spiegelman, roteirista e desenhista, retrata os judeus como ratos, os alemães como gatos, os americanos como cães, tornando tudo ainda mais interessante. Não é à toa que essa foi a única história em quadrinhos a ganhar um Pulitzer.

Se você se interessou por alguma dessas revistas, faça como eu: peça pro Silveira!

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Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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