12/12/2005

Hope you´ll enjoy the show



Dezembro não seria dezembro sem as luzes de Natal que gastam toda a energia economizada com o horário de verão. Não seria dezembro sem a chuva fina que não dá trégua, e muito contribui para a onda de resfriados que acomete incautos como eu. Não seria dezembro sem as incontáveis retrospectivas e as inumeráveis listas de melhores do ano que tanto diverte quem as faz. Atrás de diversão, farei várias. Das comuns, melhores filmes, melhores músicas, às inusitadas, que só não vou revelar quais são porque ainda não as imaginei.

Começo com as melhores apresentações ao vivo que presenciei - e que presenciei fisicamente, porque senão não hesitaria em colocar na lista o Pink Floyd no Live 8, visto enquanto acontecia, numa MTV que insistiu em dar pau justo na hora do momento histórico.

Em 2005, fui num Camping & Rock pela primeira vez. O Woodstock da Serra do Cipó tinha começado numa quinta-feira, mas chegamos lá só no sábado, quando os banheiros já estavam infreqüentáveis. No final das contas, o Camping foi melhor que o Rock, e a comparação com o Woodstock fica mais por causa da lama do que pelas bandas presentes. A grande maioria delas eram covers - Pink Floyd, Pearl Jam, Iron Maiden, Metallica, AC/DC - não tão fiéis aos originais, principalmente depois de tanta coisa esquisita ingerida. As mulheres do Maria Pretinha, por exemplo, erraram um monte de letras dos Mutantes e Secos & Molhados, que não estão entre as poesias mais complicadas de se decorar do mundo.

Outro cover, mais bacana, que assisti foi o The Musical Box. Canadenses, se não me engano (preguiça de olhar no Google). Competentíssimos imitadores do Genesis, a ponto de usar as máscaras que Peter Gabriel usava nos shows, tocaram no Chevrolet Hall, na íntegra, o disco duplo The Lamb Lies Down on Broadway, com direito à música que dá nome à banda no bis. Ainda na linha dos sósias musicais, teve também a peça Chico Rosa, mezzo falada mezzo cantada, que mini-resenhei aqui, mas que figuraria na categoria "teatro" se esta lista fosse mais acurada.

Ultraje acústico. Esse fui outro dia, de ultíssima hora, comprando com os cambistas da porta mais barato que na bilheteria. Continuo firme nas minhas opiniões sobre o acústico do Ultraje: repetitivo, nada inovador. Mas a banda em si é muito divertida, e, no show que vi no Chevrolet, a única coisa de acústica era um moleque de uns dezesseis anos tocando violão. De resto, mais do mesmo, banda em pé, as guitarras distorcidas, e o guitarrista Serginho permormático como nunca. Passearam pelos numerosos sucessos e ainda fizeram covers insólitas, muitas vezes improvisadas ("Paranoid", "Blietzkrieg Bop" embromada pelo Roger, "Long Tall Sally" cantada pelo moleque, e o hino do São Paulo, unanimemente vaiado pela platéia). E é muito engraçado observar a fauna de um show do Ultraje: de quarentões cabeludos tatuados a menininhas de doze anos, de pré-adolescentes mochando até mãe e filha cantando juntas, e os muitos e apaixonados casais de 25 anos: todos gritando "CU!" a plenos pulmões no refrão de "Nada a Declarar". Muito bonito.

Destaco ainda os shows de amigos - Prime, Libélula e O Móbile entre os mais legais, vários de cada um, nos lugares mais carimbados de Beagá: A Obra, Matriz, Pau & Pedra, Neutral, Pop Rock Café, No Fundo do Baú. E agora, o inevitável tópe cinco.

5 - Gilberto Gil (Chevrolet Hall, 7 de maio)
Fui de última hora, de graça e ainda pude ver e ouvir ao vivo coisas como "Maracatu Atômico", "Soy Loco Por Ti America" e "Aquele Abraço".

4 - Focus e Cálix (Chevrolet Hall, 25 de maio)
O Cálix era só a banda de abertura, mas o show foi pau a pau com a atração principal. Melhor momento: "High Hopes", do Floyd, com o guitarrista surgindo no meio da galera, na arquibancada, ao melhor estilo Mestre dos Magos. O Focus, pra variar, fez um showzaço. Melhores momentos: "Sylvia" e o velhinho band-leader correndo, pulando e se ajoelhando como um guri no circo.

3 - Los Hermanos (Chevrolet Hall, 22 de outubro)
Mini-resenhado aqui.

2 - Tangos & Tragédias (Teatro Sesiminas, 9 de setembro)
No texto que fiz na época do show, escrevi: "Poderia me arriscar e dizer que esté é o show do ano, mas 1) o ano ainda não findou; 2) não vi tantos shows assim em 2005 pra fazer um ranking respeitável". De fato, seria este o show do ano, não fosse a presença do pessoal de Seattle e seu português embromado pra desbancar os sbornianos.

1 - Pearl Jam (Praça da Apoteose, Rio de Janeiro-RJ, 4 de dezembro)
Foi tudo esmiuçado aqui. E até hoje escuto o cd que gravei com as músicas do show.

Agora faça a sua lista você também.

   2 comentários :

  1. bruno paio12:16 PM

    Dos shows que vi este ano, só dá pra fazer um top5 dos piores (os quais nem vale a pena colocar aki). Mas os melhores sem duvida foram Pearl Jam , focus e calix, vox solis (floyd) e uma banda que tocou musicas do Rainbow no mutantes bar (mais pelo repertorio do que pela qualidade da banda

    ResponderExcluir
  2. Silveira12:16 PM

    Tristânia (Noruega) e Kreator (EUA)
    After Forever (Holanda)
    Stratovarius (Finlândia)
    Tribuzy (Brasil)
    Gammaray (Alemanha)

    ResponderExcluir

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Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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