06/11/2007

Do Rio até Belô



Dez horas, tá na hora. Cadê os italianos? A gente precisa deixar algum contato com eles. (Os caras eram peças raras pra caramba e ainda estarão em Buenos Aires em dezembro, quando o Thales também estará.) Não tão no terraço, não tão no quarto deles. Vamos deixar um bilhete aqui na recepção. Ah, olha o Umberto aí. A gente passa os e-mails, despedimos com ciao e adiós, mochila nas costas e bora pra estação do metrô. Dez e quinze. O Thales bota a mão no bolso e: velho, acho que perdi a carteira. (E isso que ele já tinha perdido o celular no mesmo dia.) Fico na estação com as mochilas enquanto ele corre no albergue pra tentar achar. Dez e vinte e cinco, ele volta, com a carteira. Tava com os suecos do bar, que tinham encontrado em cima do balcão. Passamos a roleta do metrô, apressamos o passo sobre a esteira rolante, aguardamos o trem. Dez e trinta e cinco e nada. Chega o bichão, subimos a bordo, e na primeira parada (Ixtação Flamengo) as portas abrem e não se fecham. Fecha, porta, fecha, porta. Quinze minutos depois (nas nossas cabeças, na verdade foram no máximo dois) o troço volta a andar. Dez e quarenta e cinco, saímos da estação e rumamos ao ponto de ônibus para esperar o integração que nos levaria à rodoviária. Dez e cinqüenta, nada de ônibus. Se bobear a gente vai ter que pegar táxi, velho. É, vamos esperar mais uns cinco minutos e a gente vê. Cinco minutos depois, nada de ônibus. Cara, mesmo se esse ônibus chegar, não vamos conseguir chegar a tempo na rodoviária. Beleza, vamos de táxi. Os quatro primeiros que aparecem estão cheios. O quinto pára e nos deixa na rodoviária. O tempo que ele gasta nos faz perceber que realmente não conseguiríamos nunca, domingo, à noite, de ônibus, chegar a tempo. Na ida para a plataforma, ajudo uma senhora portuguesa a carregar sua mala rampa abaixo. Ela lá falando: sou portuguesa, mas tem quinze anos que moro no Brasil, tô indo hoje pra Belo Horizonte, e eu só pensava: não é possível, essa mulher tá levando chumbo na mala. Onze e doze, entramos no ônibus que sairia às onze e quinze e a tensão dos últimos sessenta minutos enfim se alivia. O Dramin me faz dormir um pouco mas a cadeira da frente não permite espaço algum às minhas pernas, o que torna as próximas sete horas um tanto desconfortáveis, mas sem maiores percalços.

Já em Beagá, minha avó me liga e descubro, chocado, o que aconteceu com o ônibus da Util que partiu logo após o nosso.

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Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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