21/10/2009

Mãe, acabei!

 

O povão quer saber: os banheiros chineses são mesmo a pocilga asquerosa de que a gente ouve falar? 

A resposta mais honesta é: não dá pra generalizar. Da mesma forma que há diversas comidas chinesas deliciosas e outras que literalmente fedem (não tô brincando, a gente tem que tampar o nariz quando passa perto), existem banheiros de todo tipo por aqui. Estou particularmente feliz com o do meu quarto, que tem privada ocidental do jeito que aprendi a usar desde criança. Mas definitivamente não é o mais comum de se encontrar em terras chinesas. 

Em qualquer bar ou restaurante, boate ou atração turística, você entra e encontra a louça lá no chão, a meio corpo de distância dos países baixos. Para os homens é só uma questão de acertar a mira, mas as garotas costumam passar um certo perrengue nos primeiros dias, até se acostumarem. Um conselho valioso é sempre ter um lenço ou um papel higiênico em mãos, pra não correr o risco de ter que usar as meias. De qualquer forma, atender ao chamado da natureza agachado e não sentado é indubitavelmente mais higiênico. Como diz o pára-choque do caminhão, KH 100 H chá é 

A limpeza varia bastante. Tem sempre aqueles toaletes com cheirinho de lavanda, constantemente limpos e geralmente situados nos restaurantes mais caros. Mas a maioria dos banheiros dos lugares que freqüento carecem de mais atenção. O do Beer Garden onde a gente costuma se reunir aqui no campus, por exemplo, recebeu o apelido carinhoso de "disgusting toilet". E as meninas dizem que o delas é ainda pior. 

Mas o Prêmio Druida da Pocilga de maior bizarrice sanitária vai para o dábliu cê do restaurante muçulmano onde fomos jantar um dia desses. Quando perguntei a um amigo onde era o banheiro do qual ele acabara de voltar, ele começou a rir e me apontou a direção. Cheguei lá meio cabreiro, sem saber o que esperar. Da porta, viam-se alguns vultos e umas luzinhas no meio de um breu total. Quando pisei lá dentro, a luz se acendeu e me deparei com a insólita cena: os vultos pertenciam a três chineses que – na falta de um termo melhor – obravam agachados em três dos quatro buracos que havia ali. As luzinhas flutuando no ar eram de seus celulares: todos os três faziam suas necessidades enquanto se divertiam com os joguinhos de seus telefones. O quarto buraco estava desocupado – e quando digo buraco, é buraco mesmo, sem louça; o "material" descia em queda livre e estacionava num lamaçal uns dois metros abaixo – e foi só o tempo de me posicionar para tirar a água dos joelhos e a luz se apagou de novo. O banheiro não tinha privada, mas tinha sensor de movimento. Isso é que é vontade de economizar. 

A ausência de fotos neste post deve-se principalmente ao bom senso, mas se você estiver curioso (eu sei que está), é só dar uma olhada no vídeo que postei aqui outro dia. A partir de 5:34 tem um registro do agradável banheiro do Bla-Bla-Bar.


Publicado originalmente no Boca de Gafanhoto

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Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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