28/01/2011

Fazendo cera - Uma visita ao Madame Tussauds de Hong Kong

 

Sabe quem é a senhorinha aí da foto? Pois ela é a própria Madame Tussaud, a quem se deve a criação do museu de cera mais famoso do mundo. Marie Tussaud - que na verdade se chamava Anna Maria Grosholtz - viveu há tanto tempo que suas primeiras estátuas foram de seus contemporâneos Voltaire e Benjamin Franklin. Ela não devia imaginar, ao inaugurar seu primeiro museu em Londres num longínquo 1835, que estava dando início a uma rede de museus que iria da Holanda à Tailândia. Nada mais justo do que ela mesma ganhar a sua estátua. 

Eu nunca tinha ido a um museu de cera e continuo não sendo um grande fã. É uma desculpa boa pra passar o tempo e tirar umas fotos de zoeira com suas celebridades prediletas, mas nada que se diga "Que puxa! É o museu mais legal do mundo!". O próprio fato de ser uma cadeia com várias filiais já evidencia isso: imagina se abrissem uma filial do Louvre em cada grande cidade, exibindo cópias da Mona Lisa e da Vênus de Milo. 

 
Quantas dessas estátuas da Marilyn existem pelo mundo? 

Como passatempo, é bacana e a maioria das estátuas é mesmo muito bem feita. O Madame Tussauds de Hong Kong tem todas aquelas figurinhas internacionais que não podem faltar, incluindo políticos, atletas, atores e músicos, e ainda traz um apanhado das personalidades chinesas e hongkongueanas mais famosas. Enquanto aguardava o pôr-do-sol no The Peak, aproveitei pra zanzar pelo museu e registrar algumas celebridades cerosas. 


Bruce Lee, meu filho, me explica que diabos de "jóia" colado no nariz é esse que as meninas tão fazendo?


Nicole e uma fã. Juntando as duas não dá 50 quilos.


Angelina Jolie e um Brad Pitt estranhamente rejuvenescido. Será o Benjamin Button?


A Angelina foi reproduzida nos mínimos detalhes, incluindo suas famosas tatuagens. Essa aqui vai no braço e é uma citação de Tennessee Williams: " A prayer for the wild at heart, kept in cages ". Me pergunto até que ponto (literalmente) vai essa fidelidade ao realismo.


Eddie Murphy rindo à toa: "Ainda me amam, mesmo com tanto filme ruim." 


Andy Lau, famoso ator de Hong Kong, repetindo a cara de mau do seu personagem em Conflitos Internos .


O inevitável vêzinho com os dedos.


Aí você "vira a chave para um efeito mágico"...


...e ela dá uma rodadinha.


Pra mim é falta de respeito sentar e deixar a rainha em pé.


E a Diana foi empurrada pra fora da foto.


Tá pedindo esmola, seu Bush?


Barack dum lado, Georgito do outro, e no meio... quem?


Não é folgar demais com o Gorbachev, não?


Guerra e Paz: a careca do Gandhi aqui, e ela preferiu uma foto com o Adolphinho do lado de lá.


Vai gostar dum ditador, hein?


"Olha! Romeu e Julieta morrem no final!" 


O Picasso e o... bem, façam suas piadas.


Talvez esta seja a segunda estátua de cera do Mao Tsé-tung que eu vejo .


Deng Xiaoping, o homem que reabriu a China para o mundo no fim dos anos 70, e uma fã bem abusada.


Língua. (Tio Albert não tava de bom humor.)


Só eu achei essa pose do Hitchcock meio constrangedora?


Era o que me faltava: estátua de cera do Astro Boy. Pelo visto não fez sucesso. Não vi ninguém querendo tirar foto com o moleque.


Como arrancar mais dinheiro dos visitantes: "tire sua foto estilo Andy Warhol". Vulgo "filtro de Photoshop".

(Isso me lembrou outra malandragem do museu: é permitido tirar foto de todas as estátuas, menos a do Jackie Chan. Logo na entrada, você é levado à estátua do ator e forçado a tirar uma foto ao seu lado. Depois cobram por ela, claro. Eu não quis nem saber o preço. Desculpe, Jackie, você não merece o sacrifício.)


Uma sacada legal: a escultura de um escultor trabalhando. Essa seção traz algumas curiosidades sobre o método de criação das estátuas, que é uma trabalheira dos infernos. Geralmente, as celebridades que ainda não bateram as botas são usadas como modelos vivos. As plaquinhas no museu dão mais detalhes:

  • São tiradas mais de 250 medidas e 180 fotos da celebridade. Tempo gasto: 2 horas.
  • É feita uma estrutura de metal, que serve como o esqueleto da escultura. A cabeça é esculpida utilizando 150 quilos de argila. Tempo: mais de 6 semanas.
  • Cada fio de cabelo (de verdade) é inserido individualmente, usando uma agulha em forquilha. As sobrancelhas também são inseridas da mesma forma. O cabelo é lavado, cortado e penteado. Tempo: cerca de 140 horas.
  • Camadas de tinta a óleo são usadas para criar cores e tons vivos. Mais de 20 cores diferentes são usadas. Tempo: 50 horas (só a cabeça).
  • Quando possível, é feito um molde dos dentes. Eles então são reproduzidos em acrílico. Tempo: 30 horas.
  • As roupas são doadas pela celebridade ou recriadas com base nas originais.
  • Os olhos são feitos de uma resina de acrílico. Cada íris é pintada a mão usando guache e os vasinhos são recriados com fios de seda. Tempo: 15 horas.


Me lembrou a sopa de olhos de Indiana Jones e o Templo da Perdição 


Cadê o sorriso, Johnny? E essas miçangas aí, são do Pelourinho?


Mesmo já destituído do cargo, Pierce Brosnan ganhou terno, pose e revólver de 007. Deu dó foi do Anthony Hopkins encostado lá no canto, pensando: "pô... não ganhei nem a focinheira do Hannibal..." 


Na ala dos esportistas, um painel ensina alguns truques futebolísticos com o Ronaldinho Gaúcho. Mas estátua do Ronaldinho, mesmo, cadê?


Na saída do museu, a explicação.


E. Honda?


Dona Madonna...


Tia Tina...


Ma-ma-ma-ma-ma-ma-ma-ma poker face "... " Papa, papa, paparazzi "... É, até que o nome da moça faz sentido.

Os dinossauros do rock estão bem representados: tem o Freddie Mercury...


...tem o Mick Jagger de esmalte...


...e tem o Elvis abusando da pose mas se esquecendo de cuidar do violão.


Olha só:



Até hoje eles insistem nos Beatles versão cabelo de cuia. Seria muito mais legal uma versão Sgt. Peppers, com todas as outras estátuas enfileiradas atrás, imitando a capa do álbum. Ficadica.


Olha as cordas do baixo do Paul aí também, que vergonha.


Alguém me explica porque escolheram reproduzir o Mozart criança?


Se é assim, porque não fizeram o Michael versão Jackson 5?

Mas o prêmio de bizarrice-mor do Madame Tussauds Hong Kong não vai para uma estátua, mas para uma pessoa de verdade:


Homem-Árvore-de-Natal? Pintado de verde? De bigode?! 

25/01/2011

Seguindo estrelas

As atrações turísticas mais famosas de Hong Kong são "fabricadas". Quer dizer, não foram obras construídas com outros propósitos, como a Grande Muralha ou a Cidade Proibida , e só recentemente transformadas em pontos turísticos: em muitos casos, atrair visitantes foi justamente o que deu vida ao projeto. Incluem-se aí os museus (de Arte, de Ciência, de História), os parques temáticos (Ocean Park, Disneylândia), a Avenida dos Astros e, de certa forma, o Victoria Peak. Como pulei os parques e dedicarei um post futuro aos museus, concentremo-nos aqui nesses dois últimos.

No topo do Victoria Peak 

O Victoria Peak, ou "The Peak" pra galera, não é, a bem da verdade, uma atração fabricada: trata-se da montanha mais alta de Hong Kong Island, erguida unicamente pelas forças da natureza. O mesmo não se pode dizer do shopping center construído no seu topo, que exala consumismo e cobra uns trocados a mais até pra você subir no terraço e apreciar a vista.

O Peak já era um ponto famoso desde o século 19, quando era o local preferido dos figurões do governo da colônia para construir suas garbosas casas de verão. O lugar é consideravelmente alto – seus 552 metros ficam apenas uns 160m abaixo do Corcovado – e você não acha que um figurão do governo ia bater perna morro acima pra chegar ao conforto da sua mansãozona com vista bonita, acha? Pois eles não caminhavam mesmo: iam levados em liteiras, aquelas cadeiras portáteis sustentadas por duas barras laterais e carregadas por um pobre coitado na frente e outro atrás.

 

Isso foi até construírem o famoso Peak Tram, um bonde (melhor dizendo, um funicular ) que já conta com seus cento e vinte e tantos anos e continua firme e forte, carregando milhares de turistas diariamente pra cima e pra baixo. Num ranking recente da revista Time Out, o Victoria Peak e o bonde que leva até ele conquistaram a quinta e a sexta posição, respectivamente, das " Sete Maravilhas de Hong Kong ". 

O shopping incrustado no topo do Peak (redundâncias à parte) é uma mistureba de lojinhas de souvenir, restaurantes nada baratos e atrações avulsas, como o museu de cera Madame Toussaud's. O ideal é ir à tardinha e ficar para o pôr-do-sol. A vista do terraço merece a fama que tem: todos aqueles prédios que parecem tornar a cidade claustrofóbica durante o dia ganham uma atmosfera grandiosa com suas luzes refletindo nas águas do porto. Difícil é arrumar espaço pra bater uma foto. As estatísticas apontam 7 milhões de visitantes por ano ao Victoria Peak, o que dá uns 19 mil por dia. Se todo mundo quiser ficar para o pôr-do-sol, já era. 

 
Ê, vista bunita. 

 
Agora de outro ângulo. 

 
Agora fazendo gracinha. 

 
Dá pra arredar aí, pessoal? 

A Avenida dos Astros 

Essa aqui se encaixa com louvor na categoria de atração fabricada. Em 2004, um calçadão margeando as águas que separam Kowloon de Hong Kong Island foi transformado numa espécie de Calçada da Fama oriental, com estrelas decorando o piso e homenageando os grandes nomes da indústria cinematográfica de Hong Kong e da China. Meu conhecimento do assunto é bem raso e se restringe àqueles que todo mundo conhece, mas os fãs do cinema asiático certamente reconhecerão alguns de seus artistas prediletos. E podem até tirar foto fazendo pose constrangedora com a estátua do Bruce Lee: 

 

Ou descobrir se sua mão é maior que a do Jackie Chan: 

 

 
Réplica de 4,5m da estatueta dada aos vencedores do Hong Kong Film Awards. 

 
Impossibilitado de registrar a mãozona na calçada por motivo de morte precoce, Bruce Lee ganhou uma estrela à la Star Trek. 

 
"Vamo lá, minha filha, pega na claquete. Isso!" 

 
"Agora agarra o diretor. Isso, pelo pescoço. Que beleza!" 

 
E esse chapeuzinho de Pato Donald, dona câmera? 

 
Luzes, câmeras... manhêêêêê!!! 

Quem

Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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