15/10/2012

Filmes de Dois Mil e Dôuze - Parte 32

Filmes vistos de 8 a 15 de setembro:


OS MERCENÁRIOS 2 (The Expendables 2, EUA, 2012, dir. Simon West)
A nova reunião de bad-asses da terceira idade corrige muitos dos problemas de Os Mercenários e com isso se torna um filme bem mais divertido, ainda que essencialmente tosco. Entre os acertos estão a inclusão de Van Damme como o vilão Villain (distribuindo pontapés, sua especialidade, ao lutar contra Stallone, este como sua notória preferência por socos), a participação de Chuck Norris fazendo piada com os Chuck Norris Facts e o trio Stallone-Schwarzenegger-Bruce Willis finalmente contracenando de verdade, após o fiasco do chroma-key no primeiro filme (rola até um intercâmbio de bordões, como “I'll be back” e “Yippie-ki-ay”). Os clichezões continuam – a cena da morte do Mercenário mais jovem é um grande exemplo – mas pelo menos as piadas funcionam mais (“Rest in pieces!”). Será que no próximo finalmente teremos o Steven Seagal? Nota 3/5


PROMETHEUS (EUA/Reino Unido, 2012, dir. Ridley Scott)
É e não é um prelúdio de Alien. O universo da história é o mesmo e as tramas estão intimamente ligadas, mas o estilo do filme está muito mais Star Trek e sua filosofia de “descobrir novas vidas, novas civilizações”. O andróide David (Michael Fassbender), aliás, é o personagem mais interessante e lembra bastante o Data de A Nova Geração. Muitos reclamaram que as grandes questões da Vida, o Universo e Tudo Mais não são respondidas, mas não me importo em ter que esperar um Prometheus 2 pra ver como isso vai se resolver. Outros problemas do roteiro – os cientistas que logo tiram o capacete em um planeta estranho, a tripulação que embarcou sem saber a natureza da missão – são mais difíceis de justificar. O 3D – aleluia! – é bem utilizado, da belíssima cena inicial aos apetrechos tecnológicos (hologramas, os “pops” procurando vida) que nos passam exatamente a sensação de utilizá-los. Prometheus tinha potencial para ser bem mais ousado, mas a aura de deslumbramento e a atmosfera de tensão já me deixaram satisfeito. Nota 4/5


THE CUTTING EDGE - THE MAGIC OF MOVIE EDITING (EUA/Japão/Reino Unido, 2004, dir. Wendy Apple)
Um documentário sobre a montagem cinematográfica que é uma boa aula sobre o assunto. Os entrevistados vão desde diretores renomados – Scorsese, James Cameron, Tarantino, Spielberg (que explica a diferença que 36 e 38 frames podem fazer) – até seus respectivos montadores, como Sally Menke, Thelma Schoonmaker e Michael Kahn, além de várias cenas com Walter Munch editando Cold Mountain em pé (!). The Cutting Edge analisa a montagem de filmes de ação, de suspense, os jump cuts de Acossado, as transições inovadoras de Easy Rider, a tendência atual de se editar rápido demais e como a montagem pode melhorar a performance dos atores. Recomendado pra qualquer um com um mínimo interesse na arte de se fazer cinema. Nota 4/5


DESYAT NEGRITYAT (União Soviética, 1987, dir. Stanislav Govorukhin)
O Caso dos Dez Negrinhos é meu livro preferido da Agatha Christie e já foi adaptado várias vezes para o cinema. Eu já tinha visto a versão americana de 1989 e achado uma porcaria, com sua ambientação em um safári na África e sua infeliz escolha por um final feliz. Foi uma surpresa encontrar recentemente uma versão absolutamente fiel ao livro, dos nomes dos personagens ao destino trágico de cada um deles, e feita na mesma época. Detalhe: é um filme soviético, falado em russo. O elenco é bem escolhido, a direção de arte reflete muito bem a época e muitas das cenas são iguaizinhas ao que eu imaginava. Se falta tensão, talvez seja devido ao próprio estilo de Christie, mais “quebra-cabeça” do que suspense. Nota 4/5


PACTO DE SANGUE (Double Indemnity, EUA, 1944, dir. Billy Wilder)
O personagem de Fred MacMurray narra toda a história logo no começo – como ele ajudou uma mulher a matar o marido para conseguir o dinheiro do seguro, e como perdeu a mulher e perdeu o dinheiro – mas continuamos querendo saber como tudo aconteceu. Billy Wilder não nos decepciona: os personagens são dúbios e ainda assim cativantes, os diálogos são sempre ótimos e os desdobramentos da trama mantêm nossa atenção até a icônica fala final, sempre marcante nos filmes de Wilder (“Nobody's perfect”, “Shut up and deal”, “All right, Mr. DeMile, I'm ready for my close-up”). Aqui, ele consegue fazer milagre com a batida “I love you too”. Nota 5/5

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Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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