23/11/2012

Filmes de Dois Mil e Dôuze - Parte 39


007 - O ESPIÃO QUE ME AMAVA (The Spy Who Loved Me, Reino Unido, 1977, dir. Lewis Gilbert)
Apesar de um início repetitivo (deve ser o terceiro tanque de tubarões da série), O Espião Que Me Amava se revelou meu Bond preferido com o Roger Moore. Pra começar, a trama é mais interessante – Bond tem que se aliar com uma agente rival cujo amante ele matou recentemente. Os absurdos são sempre visualmente atraentes (o escritório do MI6 em uma tumba antiga no Egito, o carro-submarino que sai do mar direto pra praia) e o capanga da vez é o icônico e indestrutível Jaws "Dentes de Aço": o cara despedaça um carro com a mão e mata um tubarão a dentadas! A segunda metade, quando Bond se infiltra no covil do inimigo, lembra o final de You Only Live Twice, mas o fato de ser mais seco e sério conta pontos a seu favor. Nota 4/5


007 CONTRA O FOGUETE DA MORTE (Moonraker, Reino Unido/França, 1979, dir. Lewis Gilbert)
Sim, Foguete da Morte é absurdo e exagerado; mas também é um filme bem divertido, que não merecia essa má fama que tem. Afinal, tudo o que é mostrado aqui já tinha sido abordado antes na série, da ciência espacial para loucos às impossibilidades geográficas e culturais. A cena inicial já dá o tom: Bond pula em queda livre de um avião e arranca o pára-quedas das costas de outro cara. Depois parte para Veneza, onde passeia de carro-gôndola (!) e quebra cristais caríssimos que valem milhões, durante uma luta corpo-a-corpo. Aí vem, claro, a famosa seqüência de James Bond no Brasil: lembro de ver este filme na TV, quando era criança, e ainda me lembrava de Jaws mordendo e arrancando o cabo do bondinho do Pão de Açúcar. Algumas cenas de ação são bem mal-feitas (Jaws pulando de um bondinho a outro sem sequer pegar impulso, os croma-keys toscos na perseguição amazônica); outras, mais competentes, apesar dos pesares (Bond sai de asa delta de dentro de um barco e escapa de se espatifar nas cachoeiras; o "detalhe" é que ele estava na Amazônia e foi parar nas Cataratas do Iguaçu!). O último ato do filme envolve James Bond – sim! – indo para o espaço. Ele está no foguete com uma outra agente e já pensamos: o cara vai pro espaço sem preparo nenhum? E a agente: "Não se preocupe, estamos em um vôo pré-programado". Ah, bom! Os efeitos especiais das seqüências espaciais são decentes (melhores que as das cenas amazônicas), apesar de um disparate científico atrás do outro: as lutas de raio laser calcadas em Star Wars, os astronautas completamente soltos no espaço, o vilão Drax viajando para o espaço de terno. No final, claro, Bond pega a mocinha em gravidade zero e o Q até solta uma piada suja ("Acho que ele está tentando a reentrada"). Nota 3/5


MAIS UM ANO (Another Year, Reino Unido, 2010, dir. Mike Leigh)
Dividido em quatro segmentos-estações, Another Year é um estudo de personagens muito competente, com diálogos bem construídos, atores excelentes e personagens tridimensionais. O feliz casal de meia-idade formado por Jim Broadbent e Ruth Seen é quem conduz a narrativa, mas os conflitos vêm mesmo de seus amigos: a carente Mary (Lesley Manville), o desesperançoso Ken (Peter Wight), o irritado sobrinho Carl (Martin Savage). Se o final não satisfaz por deixar no ar o futuro desses personagens, bem... a vida não é assim? Nota 4/5


007 - SOMENTE PARA SEUS OLHOS (For Your Eyes Only, Reino Unido, 1981, dir. John Glen) Somente Para Seus Olhos é o anti-Foguete da Morte: tudo o que o anterior tinha de exagerado este tem de comedido. A intenção pode ter sido boa, mas tornou o filme mais genérico: se não fosse um James Bond, não sei se seria lembrado hoje em dia. Há uma boa perseguição de carros no interior da Espanha e umas cenas bacanas no fundo do mar; há também um momento "continuidade" no início, em que o Bond Moore visita o túmulo da esposa morta de Bond Lazenby e mata Blofeld de uma vez por todas. Depois disso, o filme fica menos interessante, com um MacGuffin bobinho (ele precisa resgatar um comunicador que estava num navio naufragado), uma bond girl lindíssima, mas meio sem sal; artifícios previsíveis (é óbvio que aquele papagaio vai soltar uma informação importante quando todos estão escutando) e sermões hipócritas (você falando pra garota não matar o cara, James Bond? Logo você?). A "cereja" do bolo é a aparição de Margaret Tatcher conversando com um papagaio e achando que está falando com Bond. Pois é... Nota 2/5


007 CONTRA OCTOPUSSY (Octopussy, Reino Unido/EUA, 1983, dir. John Glen)
O Bond absurdo está de volta, mas em uma dose menos polêmica. As cenas de ação são o destaque de Octopussy: tem Bond escapando de um míssil teleguiado em um avião, correndo a cavalo à la Indiana Jones, dirigindo seu carro numa ferrovia e lutando com o vilão em cima de um bimotor. Já a trama é meio confusa: uma hora é contrabando de jóias, noutra é uma bomba atômica que vai explodir em um circo (Bond até se veste de palhaço!). Minha "Maratona Bond" já completou 13 filmes, e confesso que a fase Roger Moore já está cansando... Nota 3/5

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Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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