19/12/2012

Filmes de Dois Mil e Dôuze - Parte 44


ESPOSAS EM CONFLITO (The Stepford Wives, EUA, 1975, dir. Bryan Forbes)
As semelhanças com O Bebê de Rosemary – a família que se muda para um novo lugar, os estranhos novos vizinhos, o marido envolvido em algo misterioso, a paranóia da protagonista que se revela verdadeira... – não são por acaso: Esposas em Conflito é baseado em um livro do mesmo Ira Levin que escreveu o clássico de Roman Polanski. Este aqui não é uma obra-prima, mas é um suspense eficiente com um roteiro que planta várias pistas antes de virar sci-fi no final. Nota 4/5


MARIDOS E ESPOSAS (Husbands and Wives, EUA, 1992, dir. Woody Allen)
No excelente livro Conversas com Woody Allen, Woody explica porque filmou Maridos e Esposas com a câmera na mão e cheio de cortes bruscos: "Porque sou preguiçoso. Eu queria fazer um filme em que não tivéssemos que esperar. Tínhamos uma câmera na mão e só usamos isso. Eu corto quando quero cortar e introduzo algo que queira. Não me importava com a beleza da coisa. Fiz sem nenhuma sensação de fazer um filme com propriedade". Seja como for, o estilo "preguiçoso" contribui bastante para o ar documental – algo reforçado, claro, pelas entrevistas que surgem durante toda a projeção. E a separação do personagem de Woody com o de Mia Farrow e o envolvimento dele com uma garota muito mais jovem são bastante irônicos considerando o que aconteceu com Allen na vida real bem na época deste filme. Nota 4/5


AS AVENTURAS DE PI (Life of Pi, EUA, 2012, dir. Ang Lee)
Do prólogo criativo – que explora a origem do nome de Pi, o zoológico de seu pai e sua vida na Índia antes da viagem que mudaria sua vida – ao final que deixa as interpretações para o espectador, As Aventuras de Pi é todo ótimo. E precisa ser visto em 3D para se apreciar seqüências impressionantes, como a que mistura o fundo do mar e o espaço sideral, do jeito que elas merecem. Os diversos "Pis" (principalmente o adulto Irrfan Khan e o adolescente Suraj Sharma) fazem um trabalho tão consistente que nem notamos que o ator mudou, e os vários animais – a maioria, um CGI extremamente convincente – contribuem para fazer jus às aventuras do título (embora "Life" seja muito mais interessante do que "Aventuras"...). É um filme que enche os olhos e a cabeça, e um dos melhores do ano. Nota 5/5


PICKPOCKET - O BATEDOR DE CARTEIRAS (Pickpocket, França, 1959, dir. Robert Bresson)
Estranhei o estilo seco de Bresson, a narração que explica tudo e o desempenho teatral e duro dos estreantes Martin LaSalle e Marika Green, apesar das cenas eficazes que enfocam o "pickpocketing" e alguns questionamentos interessantes do protagonista. Pickpocket é um clássico bastante influente que, no entanto, não me cativou. Nota 3/5


2001: UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO (2001: A Space Odyssey, EUA/Reino Unido, 1968, dir. Stanley Kubrick)
2001 e eu sempre tivemos uma relação complicada. A primeira vez que vi, para a faculdade, lá pelos idos de 2003, achei meio chato e nem cheguei a terminar. Aluguei a fita, depois o DVD, e sempre dormia na primeira meia hora. Finalmente assisti de cabo a rabo no ano passado, gostei bastante da maior parte mas o final ainda era porra-louca demais pra mim. O filme continuou o mesmo, mas acho que eu mudei, porque desta vez agora tudo fluiu excepcionalmente bem. Encarar 2001 com paciência é imprescindível, e também ajudou bastante ter conhecido algumas teorias sobre os elementos mais misteriosos do filme, como o monólito paralelepipédico que aparece em diversas ocasiões. O ritmo lento faz parte da coisa e não poderia ser de outra forma; é fundamental para retratar a rotina dos nossos ancestrais, o balé espacial que envolve uma acoplagem, os detalhes minuciosos de uma viagem pelo espaço, o suspense da história com HAL 9000 (a parte mais "normal" do filme, com um dos vilões mais bacanas do cinema) e o psicodélico segmento final, que pode parecer coisa de doidão mas é aberto a várias interpretações interessantes. Fizemos as pazes, 2001. Espero um dia te reencontrar no cinema. Nota 5/5

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Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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