31/12/2012

Filmes de Dois Mil e Dôuze - Parte 46

Especial Kubrick...


A MORTE PASSOU POR PERTO (Killer's Kiss, EUA, 1955, dir. Stanley Kubrick)
Kubrick retorna ao universo do boxe depois de seu primeiro curta, o documentário Day of the Fight. Este segundo longa tem uma estrutura estranha, com flashbacks dentro de flashbacks; o romance entre o boxeador e a garota acontece rápido demais e a história só engrena no final. Mas também tem seus momentos interessantes, como a desajeitada luta final em um depósito de manequins, e uma seqüência de sonho pelas ruas de Nova York que lembra bastante a viagem bizarra do astronauta no final de 2001. Nota 3/5


O GRANDE GOLPE (The Killing, EUA, 1956, dir. Stanley Kubrick)
Após dois longas medianos, este é o primeiro filme realmente ótimo de Kubrick. É um filme de assalto em que é fácil entender quem é quem, qual é o plano e o que acontece a cada momento, apesar das inúmeras reviravoltas e saltos temporais. Bom, a narração explicativa ajuda bastante, ainda que seja um recurso "fácil" demais (que já tinha sido usado nos filmes anteriores de Kubrick e também apareceria em vários outros no futuro). O assalto pode até dar certo, mas o que acontece depois disso com os bandidos é quase de partir o coração... Nota 5/5


SPARTACUS (EUA, 1960, dir. Stanley Kubrick)
Muito mais um filme de Kirk Douglas do que de Stanley Kubrick, Spartacus é, não obstante, um épico de primeira, com a trajetória trágica de seu protagonista, várias cenas memoráveis (gosto particularmente daquelas na escola de gladiadores, como os exercícios e as tintas usadas pelo "professor" para mostrar onde acertar – vermelho, mata na hora; azul, aleija; amarelo, mata lentamente...) e uma cena de batalha que impressiona ainda hoje. A música não precisava estar presente o tempo inteiro e o tom às vezes fica meio meloso nas cenas entre Spartacus e sua amada Virinia, mas isso faz parte do gênero e vou até relevar. Nota 5/5


BARRY LYNDON (Reino Unido/EUA, 1975, dir. Stanley Kubrick)
Um filme pouco visto de Kubrick, feito entre os ultraconhecidos Laranja Mecânica e O Iluminado, Barry Lyndon é geralmente elogiado pela bela fotografia que utiliza apenas luz natural e criticado pela falta de emoção. O que é estranho, já que as obras de Kubrick sempre foram conhecidas por serem muito mais cerebrais, e nem por isso deixam de ser grandes filmes. Em defesa de Barry Lyndon, há sim vários momentos humanos, como a cena em que o protagonista conta uma história para seu filho (e o narrador, que dá spoiler o tempo inteiro sobre o que vai acontecer, não atrapalha a história, que não depende do suspense para funcionar). Longo (três horas), mas nunca monótono como dizem os detratores, Barry Lyndon narra com calma a ascensão e queda de seu personagem-título, contando com o estilo particular do diretor (que enche de zoom-outs um filme de época), duelos absurdos e um epílogo ótimo de apenas uma frase. Nota 5/5


LARANJA MECÂNICA (A Clockwork Orange, Reino Unido/EUA, 1971, dir. Stanley Kubrick)
Um dos melhores de Kubrick (de uma filmografia excepcional), Laranja Mecânica pode não ter agradado o autor do livro, mas é quase unanimemente um filmaço. Alguns podem se assustar com a "dose de ultraviolência", mas é curioso que odiemos Alex DeLarge na primeira metade do filme e fiquemos quase com pena na segunda. A trilha beethoviana, a direção de arte detalhista e o vocabulário muito particular de DeLarge e seus amigos (ou "droogs") completam o pacote. Nota 5/5

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Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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