25/05/2012

Filmes de Dois Mil e Dôuze - Parte 19

Um post atrasado já que meu VPN não andava funcionando direito, mas aqui estão os filmes vistos entre 5 e 14 de maio:


OS VINGADORES (The Avengers, EUA, 2012, dir. Joss Whedon)
Melhor filme de super-heróis de todos os tempos? Calma lá, pessoal. É divertido, sim – ver a interação entre os heróis é a realização de um sonho nerd e há muitas cenas de ação absurdas e empolgantes. É engraçado – eu gargalhei de verdade em vários momentos (a maioria envolvendo o Hulk). É bem-sucedido em traduzir para o cinema a convergência de tramas e personagens que os quadrinhos já fazem há tantas décadas, algo que a DC bem que podia aprender e empreender antes de soltar um filme da Liga da Justiça. Por outro lado, não consigo engolir essa trama cósmica que é justamente a base de Os Vingadores (e que é derivada direta do filme pré-Vingadores mais fraco, Thor); se Loki é um vilão interessante principalmente pela atuação cínica de Tom Hiddleston, o Thor e o Capitão América dos dois Chris (Hemsworth e Evans) permanecem heróis deslocados e sem sal; e por mais que seja supimpa ver Nova York ser destruída por um gigantesco peixe-robô, fica sempre a impressão de que estamos assistindo a um cartum com atores e não a uma tragédia afetando milhares de seres humanos. Depois de tantos filmes mais ou menos parecidos apresentando seu panteão de heróis, sabe no que a Marvel podia investir? Numa adaptação de Marvels! Nota 3/5

O FRANCO-ATIRADOR (The Deer Hunter, EUA/Reino Unido, 1978, dir. Michael Cimino)
Filme de guerra longo mas nunca cansativo, focando na amizade entre três caras de uma cidadezinha americana e em como ela se transforma depois de uma temporada no Vietnã. O elenco é espetacular (DeNiro, Christopher Walken, John Savage e Meryl Streep, além de John Cazale em seu último filme), as cenas de roleta russa no Vietnã são tensas pra cacete e as nos Estados Unidos, que entram intercaladas com as sequências na guerra, são melancólicas e belas. Nota 5/5


BUDAPESTE (Brasil/Hungria/Portugal, 2009, dir. Walter Carvalho)
Esta adaptação do livro de Chico Buarque não fez muito sucesso de público ou crítica, mas eu curti bastante. Walter Carvalho usa no visual do filme toda sua (extensa) experiência como diretor de fotografia, o elenco é consistente e há muitas referências bacanas pra quem gosta do Chico – a capa de O Ginógrafo imitando a do livro Budapeste, uma versão de "Feijoada Completa" em húngaro e a participação do próprio Chico arranhando o idioma. E a metalinguagem no final, embora quebre totalmente a quarta parede e tire o espectador do filme antes do "recomendado", é uma tradução criativa para o que o Chico faz no livro. Nota 4/5


SHAME (Reino Unido, 2011, dir. Steve McQueen)
Um estudo de personagem que não se preocupa muito em explicar – o que é uma qualidade –, prova que Michael Fassbender consegue carregar um filme assim nas costas sem que precisemos de exposições ou flashbacks. Carey Mulligan está adequadamente irritante como a irmã instável do protagonista (só não precisava daquela versão arrastadíssima de "New York, New York") e as cenas de sexo não chegam a chocar, mas também não tornam Shame um daqueles filmes pra você ver com sua mãe. Nota 4/5


LUMIÈRE E COMPANHIA (Lumière et Compagnie, França/Dinamarca/Espanha/Suécia, 1995, dir. vários)
Cem anos depois que os irmãos Lumière inventaram o cinematógrafo e, de lambuja, o cinema, 41 diretores foram convidados a fazer curtas de 50 segundos usando a câmera-relíquia. O time inclui nomes famosos como David Lynch, Wim Wenders, Zhang Yimou e Spike Lee. Alguns deixam a câmera parada como faziam os Lumière, outros usam dollies, gruas, cadeiras de rodas e outros truques para incrementar o plano. Tem de tudo, de um remake de A Chegada do Trem à Estação a uma bebezinha sendo pressionada a falar as primeiras palavras; um divertido contraponto entre a música na China nos séculos 19 e 20, um casal se beijando cercado por câmeras de todas as gerações e uma dançarina cujo vestido vai mudando de cor de acordo com seus movimentos (o que, muito provavelmente, foi feito de forma manual, frame a frame, como se colorizava antigamente). Qualquer um interessado nos primórdios do cinema tem que conferir. Nota 4/5

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Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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