09/07/2017

ABUNN - Ao Vivo em Barbacena


Em abril de 2013, o ABUNN, minha banda de rock autoral que data dos tempos de Ensino Médio, retornou do limbo para um show de reunião em Barbacena.

Por que cazzo Barbacena, se a banda era de BH e na época eu morava na China havia mais de três anos?

Porque o Bruno, meu primo e nosso baixista, estava se casando na famosa Cidade das Rosas (ou dos Loucos), a banda Vil Metal traria música e diversão para os convivas e seria um desperdício ter ali bateria, amplificadores, microfones, cabos, gelo seco e gente bêbada e não reunir o saudoso ABUNN para um mal-ensaiado pocket show.

Se em nossa reunião anterior, em 2010, éramos seis no palquinho diminuto do Garage D'Caza — incluindo dois guitarristas e uma tecladista —, por motivos diversos acabamos sendo apenas um power trio no palco enorme do salão de festas em Barbacena, remontando aos primórdios da banda, antes da entrada do Rafa (hoje interestadualmente famoso como o Dave Grohl brasileiro) na guitarra solo.

Por conta disso, nosso repertório acabou reduzido às nossas canções mais simples lá do início, que não traziam ainda solos de furadeira, tecladinhos de bolero ou onze minutos de duração. As escolhidas foram "?" (pronuncia-se "Interrogação", embora o tecnicamente correto fosse "Ponto de Interrogação") e "Piano Alemão", uma favorita do nosso público de outrora.

Para não ficar só no repertório próprio que a maioria dos presentes ouviria com cara de hã?, botamos no meio umas covers que, na verdade, tampouco eram exatamente indicadas a um público de todas as idades: "She, do Green Day, e "O Pão da Minha Prima", dos Raimundos. Sei lá porque lhufas escolhemos essas. Não lembro sequer de termos ensaiado essas duas nos quinze anos de banda, que dirá tocado ao vivo. Provavelmente devemos ter pensado uns cinco segundos no que seria fácil de tocar só com guitarra, baixo e bateria, e punk rock dos anos 90 veio à cabeça primeiro — não dá pra ser muito ambicioso tendo duas horas pra ensaiar cinco músicas após 3 anos de habilidades musicais enferrujadas.

Subimos ao palco à uma da manhã, todos já devidamente etilizados, e entregamos um show cheio de erros e desafinações, mas nos divertimos à beça. Tivemos os backing vocals da noiva Nicole, que ficou no palco após jogar o buquê, e rolou até um tiozão dançarino roubando a cena durante "Johnny B. Goode", que sempre animava a galera nos nossos tempos de Matriz e A Obra. Pediram bis e o que podíamos fazer? Não tínhamos nenhuma outra música ensaiada, mas ligamos o foda-se e mandamos  no improviso "My Generation", que sempre usávamos para apresentar a banda. Foi o último show do ABUNN até agora, mas qualquer dia desses, as condições térmicas, meterológicas e cósmicas permitindo, hemos de lograr mais um show de reunião.

E agora, quatro anos depois, finalmente joguei no iutube o registro multicâmera do concerto, sem dúvida alguma o vídeo de melhor qualidade audiovisual que temos da banda em todos os nossos 17 anos de história. Se você tiver uns vinte minutos sem nada pra fazer, bisóia aí:



Quem

Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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