21/07/2005

Prateleiras



Uma das coisas divertidas de se estar num país diferente é achar graça nas coisas mais corriqueiras. Por exemplo, ir ao supermercado. Tem uma marca aqui que me fascina. Chama-se Home Brand e fabrica, aparentemente, tudo. Não duvido que se um dia achar uma loja de armas por aqui, encontrarei um revólver da Home Brand. Existe um similar da Home Brand pra qualquer produto que você vê no supermercado. Tem leite, ração pra cachorro, esponja de aço, cabide. E o pessoal do marketing não se preocupa em queimar fosfato na hora de criar os rótulos. Se é que existe o pessoal do marketing na Home Brand. Todos os rótulos são idênticos: o logo da empresa no canto superior esquerdo, em vermelho; o nome do produto, em letras gigantes pretas; e uma tarja vermelha abaixo do nome do produto. Tudo isso num fundo espetacularmente branco. E enquanto outras marcas se preocupam em inventar nomes como "Snack In A Box" ou "Big'n Chunky Soup", a Home Brand coloca apenas: "Milk", "Sugar", "Steel Spounge". E vende.

Uma ida numa loja de brinquedos também pode durar horas. Aqui tem jogo de tudo quanto é jeito. Achei, por exemplo, o Detetive versão Simpsons. O objetivo é descobrir quem matou o Sr. Burns. Como armas, temos o saxofone da Lisa, o estilingue do Bart, o caneco de cerveja do Homer. Também vi o Banco Imobiliário do Star Wars. Tá afim de comprar a Estrela da Morte? O jogo que fiquei mais seriamente tentado a comprar foi o Risk 2210 AD. Risk é o War que nós todos conhecemos. Essa versão 2210 AD é futurística, tem até um tabuleiro pra Lua, e os territórios foram todos renomeados. Inglaterra virou New Avalon, a Austrália virou Aboriginal Republic, sem falar nos Exilated States of America. Preço: noventa dólares. Ah, nem queria mesmo...

Em compensação, cá e acolá vou comprando pequenas besteiras que não se acha no Brasil. Como um mini-Onde Está Wally?, que vem com lente de aumento. Ou uma dentadura de lobisomem e um tapa-olho de pirata. Ou uma versão em livro de De Volta Para o Futuro, por 2 dólares, num sebo no centro da cidade. Ou o DVD do primeiro Loucademia de Polícia, edição especial do vigésimo aniversário, que vem com um documentário feito em 2004 que mostra o quanto Mahoney, Jones, Tenente Harris e os outros envelheceram pacas. Meu próximo objeto de desejo é a caixa com três filmes do Ed Wood, aquele considerado o pior diretor de todos os tempos. Enquanto as caixas com a primeira trilogia de Star Wars, por exemplo, custa uns 40 ou 50 dólares, a do Ed Wood custa sete. Pior que isso, só uma promoção que vi numa outra loja, dez DVDs por dez dólares. Um dólar por filme. Nível Chuck Norris pra baixo, claro. Mas quem liga?

0 comments :

Postar um comentário

Quem

Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

Busca no blog

Leia

Leia
Cinema-Múndi: Uma viagem pelo planeta através da sétima arte

Leia também

Leia também
A Saga de Tião - Edição Completa

Ouça

Ouça
Sifonics & Lucas Paio - A Terra é Plana

Mais lidos

Leia também


Cinema por quem entende mais de mesa de bar

Crônicas de um mineiro na China


Uma história parcialmente non-sense escrita por Lucas Paio e Daniel de Pinho

Arquivo

Contato

Nome

E-mail *

Mensagem *