05/09/2006

Apertem os cintos...



Fui lá conferir o Vôo 93, de quem a crítica tão bem falou. Parte de uma premissa curiosa: narrar a história do único vôo do 11 de setembro que não caiu no alvo planejado pelos terroristas, pois os próprios passageiros se rebelaram antes e conseguiram desviar a rota. A recriação cinematográfica, comandada pelo Paul Gramaverde de A Supremacia Bourne, conta pontos pelo realismo e por não se render ao sentimentalismo patriótico maniqueísta um tanto difícil de fugir numa trama como essa. Mas sei lá, sabe o tipo de filme que você vê, acompanha e tal, e no final não acha nada de mais?

Antes da película aérea passou um trailer interessante de um filme sobre o fim da humanidade. É um tema que particularmente me agrada, esse. O problema é que o desenvolvimento do roteiro quase sempre avacalha tudo. Vide a porcaria que foi Impacto Profundo. Ou o recente Extermínio, que começa bacana, o cara acorda e não tem mais ninguém na Terra, pensamos “ó, um bom filme pela frente”. Só que começam a aparecer uns zumbis, e aí o terreno fica perigoso porque é praticamente impossível trabalhar com zumbis e evitar comparações negativas com a obra máxima do gênero, Fome Animal. Ainda assim, vá lá, temos um bom filme trash. Mas de repente entram os militares, aí não tem zumbi com gosma escorrendo pelo canto da boca torta que salve.

Bom, o tal trailer sobre o fim da humanidade. Dessa vez, nada de meteoros, zumbis ou era glacial. O que sucede é uma infertilidade em massa, ninguém mais consegue ter filhinho, e as previsões são de uns 50 anos pra humanidade sumir de vez. O início do trailer parecia bom, o cara mais novo do mundo morre aos 18 anos, a anarquia reina ao lado do caos. Mas quando começa aquela história de “a última esperança para a humanidade está nas mãos deste homem”, haja paciência. Ainda mais com um título horroroso desses: Filhos da Esperança.

Podiam mesmo era fazer uma adaptação de “Blecaute”, do Marcelo Rubens Paiva, onde apenas três pessoas continuam vivas numa São Paulo deserta após um apocalipse qualquer. Será que a produtora lá do Fernando Meirelles não topa patrocinar? Principalmente agora que roubaram o laptop dele com todos os seus roteiros inéditos, talvez ele esteja precisando de umas idéias novas...

Recentemente saiu uma reportagem na Super Interessante chamada "E se a espécie humana desaparecesse da Terra?". Fiquei fascinado com as projeções. Em vinte anos o Tietê estaria 100% limpo. Em cinqüenta, o buraco na camada de ozônio estaria totalmente restaurado. Em mil, todo o lixo produzido pelo homem já teria sumido. Em 5 mil, o verde bandeira da Mata Atlântica engoliria São Paulo. E não bastariam mais que alguns milhões de anos para que o petróleo voltasse a abundar. Agora me digam: qual é o incentivo que tá faltando pra alguém espalhar um daqueles vírus mortíferos por aí?

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Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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