15/05/2007

Tomorrowphobia


Meu monitor pifou de novo. Pela segunda vez. A primeira já recebeu um post exclusivo, hoje perdido nos arquivos de janeiro de 2005. O equipamento voltou zero bala, manteve-se em pleno funcionamento por um bom ano e meio, até que a velhice veio sem dó e os sinais de esgotamento físico logo se mostraram evidentes.

Como de costume, eu resolvia na base da surra. A tela mudou de cor? Paf! Tá beleza. Apareceu de repente dividida em três telas menores? Paf! Normal de novo. Às vezes eu precisava fechar a porta para que os ruídos do espancamento não perturbassem o sono de minha mãe, que dormia no quarto ao lado.

Com o tempo, a violência foi cedendo espaço a gambiarras engenhosas: pilhas de livros pesados empilhados cuidadosamente sobre a parte de cima do monitor, calços que inclinavam o bicho pra frente (e acabavam com minha coluna ao tentar ler o que estava na tela) e até barbantes amarrando a carcaça do aparelho. Estratégias bizarras que, de alguma forma, consertavam momentaneamente os marcontatos que atrapalhavam os circuitos do coitado. Mas agora que ele deu pau de vez e não funciona nem com técnicas avançadas de psicologia, tomei vergonha e encomendei outro monitor.

Quem me conhece sabe que tenho uma excêntrica predileção por obsolências tecnológicas. Meu primeiro e único celular, um Nokia 5120 anterior a Graham Bell, permanece ainda hoje como fiel escudeiro. De vez em quando ele dá uns sinais de fadiga e a tela apaga, mas com pequenas pancadelas no canto da mesa, como se eu fosse quebrar um ovo, ele retorna à ativa. No dia em que morrer de verdade, vou providenciar um enterro digno com a inscrição: aqui jaz um guerreiro.

Quanto ao monitor, ainda não decidi. Como é meio trabalhoso tacar o cacareco numa cova funda e encher de terra, venho pensando em deixá-lo no meio de uma rua movimentada, promover uma sessão pública de apedrejamento e jogar o vídeo no You Tube, com uma trilha do Rage Against The Machine. Enquanto isso, faço da falta de monitor minha desculpa oficial para a escassez de textos novos.

   7 comentários :

  1. Uma vergonha. Uma vergonha.
    PS: O monitor velho eh meu, nao se lembra?
    PS2: Pelo jeito o novo tambem!

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  2. João Marcelo2:16 PM

    Meu jovem amigo. Seu celular é este possante desde os tempos BHTEC Slave. Você sabia que existem ótimas promoções de celulares a R$1,00?! kkkk.. Grande abraço

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  3. De Pinho2:16 PM

    Quero só ver você resolvendo os problemas do celular com pilhas de livros pesados e barbantes. Você precisa de um plano B.

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  4. Fabel2:17 PM

    Quando comecei a ler já presumi o final. Típico.

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  5. O monitor ja chegou. E ai?

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  6. Desisto. Eh muito esforco e nem sequer temos uma resposta. Nadinha.

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Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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