Tomorrowphobia
Meu monitor pifou de novo. Pela segunda vez. A primeira já recebeu um post exclusivo, hoje perdido nos arquivos de janeiro de 2005. O equipamento voltou zero bala, manteve-se em pleno funcionamento por um bom ano e meio, até que a velhice veio sem dó e os sinais de esgotamento físico logo se mostraram evidentes.
Como de costume, eu resolvia na base da surra. A tela mudou de cor? Paf! Tá beleza. Apareceu de repente dividida em três telas menores? Paf! Normal de novo. Às vezes eu precisava fechar a porta para que os ruídos do espancamento não perturbassem o sono de minha mãe, que dormia no quarto ao lado.
Com o tempo, a violência foi cedendo espaço a gambiarras engenhosas: pilhas de livros pesados empilhados cuidadosamente sobre a parte de cima do monitor, calços que inclinavam o bicho pra frente (e acabavam com minha coluna ao tentar ler o que estava na tela) e até barbantes amarrando a carcaça do aparelho. Estratégias bizarras que, de alguma forma, consertavam momentaneamente os marcontatos que atrapalhavam os circuitos do coitado. Mas agora que ele deu pau de vez e não funciona nem com técnicas avançadas de psicologia, tomei vergonha e encomendei outro monitor.
Quem me conhece sabe que tenho uma excêntrica predileção por obsolências tecnológicas. Meu primeiro e único celular, um Nokia 5120 anterior a Graham Bell, permanece ainda hoje como fiel escudeiro. De vez em quando ele dá uns sinais de fadiga e a tela apaga, mas com pequenas pancadelas no canto da mesa, como se eu fosse quebrar um ovo, ele retorna à ativa. No dia em que morrer de verdade, vou providenciar um enterro digno com a inscrição: aqui jaz um guerreiro.
Quanto ao monitor, ainda não decidi. Como é meio trabalhoso tacar o cacareco numa cova funda e encher de terra, venho pensando em deixá-lo no meio de uma rua movimentada, promover uma sessão pública de apedrejamento e jogar o vídeo no You Tube, com uma trilha do Rage Against The Machine. Enquanto isso, faço da falta de monitor minha desculpa oficial para a escassez de textos novos.
Uma vergonha. Uma vergonha.
ResponderExcluirPS: O monitor velho eh meu, nao se lembra?
PS2: Pelo jeito o novo tambem!
Meu jovem amigo. Seu celular é este possante desde os tempos BHTEC Slave. Você sabia que existem ótimas promoções de celulares a R$1,00?! kkkk.. Grande abraço
ResponderExcluirQuero só ver você resolvendo os problemas do celular com pilhas de livros pesados e barbantes. Você precisa de um plano B.
ResponderExcluirQuando comecei a ler já presumi o final. Típico.
ResponderExcluirO monitor ja chegou. E ai?
ResponderExcluirsexto!
ResponderExcluirDesisto. Eh muito esforco e nem sequer temos uma resposta. Nadinha.
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