Hermetismos pascoais
Sem essa de evitar o inverno dentro de casa, com três edredons e os pés na bacia de água quente. A onda do momento é ir pra Praça do Papa curtir o vento mais frio que essa cidade pode oferecer. Foi o que eu fiz ontem, não exatamente para sofrer com as baixas temperaturas, mas para assistir à apresentação do multi-instrumentista albino Hermeto Pascoal. O show do Hermeto fez parte do evento de música instrumental que tá rolando em Beagá, dez dias seguidos com apresentações gratuitas em praças e teatros, levando cultura a uma cidade infestada pelo sertanejo. Até domingo que vem, vai ter ainda o Marcus Viana tocando o tema de Pantanal, o Yamandu batucando no violão, o All Star Jazz mostrando seu swing da década de 30 e mais uma galera.
Hermetão entrou às nove e pouco, com a banda já no palco, tocando suas doideiras. Sim, a música é uma maluquice, quase atonal, cheia de solos sobrepostos e gritos repentinos. O barato mesmo é ver o cara lá, do alto dos seus setenta e tantos anos, se divertindo a valer com o não-convencionalismo de suas composições. E ele toca teclado, pula no palco, improvisa letra com aquele divertido sotaque alagoano, conclama o público a cantar em sol maior com sétima aumentada. Um Marcelo Dolabela versão chapéu e barba, com direito a música em homenagem a Belo Horizonte tocada em pedaços de cartolina.
E não é que, contrariando minhas próprias previsões, tinha bastante gente presente? E o melhor: a playboyzada néscia que, por ventura, poderia dar as caras pela gratuidade do evento já tinha compromisso com o show do Asa.
Esse cara é muito doidão. Ele mora com os músicos. Deve ser uma piração a república dele.
ResponderExcluirbota doidão nisso.
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