21/04/2006

O Leino do Amanhã

A equipe do bISELHO não perde tempo e descolou uma entrevista exclusiva com o roteirista do filme "Depois da Última Coelhada", Lucas Paio. O curta-metragem narra um encontro de Mônica e Cebolinha vinte anos depois da última vez que se encontraram. Traz Juliana Jardim e Saulo Senra nos papéis principais e tem estréia prevista para maio. Na direção, Clarissa Funghi, além de uma equipe de produção que conta também com Daniel de Pinho, Bernardo Silveira, Ariane Alves, Bernardo Silvino, Lívia Salgado e Mariana Alves. Confira o bate-papo que rolou com Lucas:

bISELHO: Então, Lucas... Primeiro a gente queria saber: em que pé está o filme?
Lucas: A gente terminou as filmagens nesta quarta-feira, dia 19. Foram duas manhãs de gravações, e nem deu tempo de filmar todos os planos que a Clarissa (diretora do filme) tinha em mente. Mas não tem outro dia pra filmar mais, o cronograma tá apertado pra burro... A edição tá marcada pro início da semana que vem. Falta também escolher a trilha sonora, ver se o Chico Buarque libera os direitos pra gente... De um jeito ou de outro, em maio tá pronto.


Clarissa Funghi e sua mãozinha, Juliana Jardim como Mônica, Saulo Senra Cebolinha "anarriê" e Lucas Paio coçando a cabeça

bISELHO: Vamos começar do começo. Como surgiu essa idéia de fazer um curta sobre o futuro da Turma da Mônica?
Lucas: Surgiu no ano passado, acho. Tive a idéia pra esse futuro meio sombrio, o Cebolinha virando um fracassado na vida, e a intenção era fazer um curta-metragem mesmo... Como era um troço extremamente complicado, precisava de dinheiro, atores e tal, comecei a pensar numa história em quadrinhos... Acabou virando um texto que publiquei aqui mesmo, no bISELHO.

bISELHO: Mas se um curta era tão complicado assim, o que mudou pra que ele fosse feito agora?
Lucas: Mudou que esse semestre eu tenho uma matéria na faculdade chamada RTVC II. RTVC é Rádio, Televisão e Cinema. E um dos trabalhos que a gente tem é produzir um curta, temos à nossa disposição câmera, estúdio, ilha de edição... Daí escolhemos adaptar esse conto da Mônica e do Cebolinha.

bISELHO: No texto original, a ação se passava dentro de um supermercado. Mas não é assim no filme, é?
Lucas: Não, tivemos que mudar. O supermercado ia ficar muito difícil de se reproduzir num estúdio, teria que ter prateleiras, produtos, e ainda mais em estúdio pequeno. Seria toscão. Então resolvemos mudar o cenário pra uma sala de espera de um consultório... O propósito, que era proporcionar um encontro casual dos dois personagens, ia continuar o mesmo... Só tivemos que fazer algumas alterações. No lugar do funcionário do supermercado, por exemplo, entrou a secretária do consultório. O começo e o fim do filme estão bem diferentes do conto, tem até a profissão da Mônica, coisa que não tinha lá no texto original.

bISELHO: E a escolha do elenco, foi complicada?
Lucas: Ah, deu um certo trabalho. É difícil achar ator assim, de uma hora pra outra, pra filmar sem ensaio nem nada numa segundona de manhã... Inicialmente os atores seriam o Daniel de Pinho, que é integrante da equipe de produção, e a Amana Zanella, chinchila da turma. Mas descartamos a idéia pela total ausência de experiência dramática dos dois, e também porque queríamos atores mais velhos, com mais de trinta pelo menos. Aí tem uma menina no quinto período do meu curso que faz teatro na Puc, a Paula. Resolvemos olhar com ela, ver se ela lembrava de alguém com o perfil que a gente tava querendo. Ela lembrou da Juliana e do Saulo, mandou uma foto dos dois pra gente, nós vimos que ia encaixar nos papéis e pedimos pra ela ver com eles se eles aceitavam. Aceitaram. Isso menos de uma semana antes da gravação, foi um alívio a gente conseguir os atores... foda foi só a falta de tempo pra ensaiar, as filmagens foram logo depois do feriadão da Semana Santa, os atores viajaram...

bISELHO: E as filmagens foram tranqüilas?
Lucas: Foi, foi tudo tranqüilo. Tivemos uns contratempos, o fio do microfone aparecendo toda hora que obrigava a gente a regravar um monte de cenas... a Juliana que chegava atrasada, ela mora em Brumadinho e tinha que pegar um trânsito enorme até chegar lá... Mas foi de boa. A Paula, a menina que arrumou os atores, até fez uma ponta como a secretária do consultório...


Juliana Mônica, Clarissa Brokeback Mountain, Saulo Cebolinha e Lucas Paio dix coxtax

bISELHO: Perdoe a pergunta meio indiscreta, mas o filme está orçado em quanto?
Lucas: Até agora a gente gastou exatamente... dois reais. (Risos) Um real foi pra tirar xerox do roteiro pra todo mundo ter uma cópia, e o outro real foi pra comprar chá mate e colocar na garrafinha que o Cebolinha toma no final do filme, pra parecer que era uísque... A gente até tinha uísque de verdade, mas era a primeira cena do dia, melhor não arriscar... (Risos)

bISELHO: E aquele outro curta-metragem que seria produzido este ano? O das lagartixas? Não vai rolar mais não?
Lucas: Vai, se Deus quiser. Já temos a equipe pronta, basicamente a mesma do "Depois da Última Coelhada", com Bernardo Silveira no papel principal. Tá faltando é uma lapidada no roteiro, não encontramos ainda o enfoque certo, a abordagem mais legal... Nem o título a gente tem certeza de que vai ser esse mesmo... atualmente é "Trinta Coisas Pra Se Fazer Com Uma Colher e Uma Lagartixa", mas tamo achando muito, trinta coisas, às vezes pode ficar meio didático demais e atrapalhar o andamento do filme...

bISELHO: Bom, então é isso, Lucas. Brigadão pelo papo e boa sorte na pós-produção do filme. Queremos nosso DVD depois, hein...
Lucas: Pode deixar. Qualquer coisa tamos aí.


Equipe de produção: Lívia Maria anotadora de planos, Clarissa e o cinegrafista, Ariane e Lucas.

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Quem

Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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