13/06/2006

ESPECIAL: Copa do Mundo das Terras Imaginárias



Amistoso entre Krypton e Terra do Nunca gera polêmica interplanetária

por Lucas Paio

Falta de organização, fiscalização e espírito esportivo marcaram o amistoso de ontem, quando a seleção anfitriã da Terra do Nunca enfrentou o time do planeta Krypton num jogo vergonhoso e desonesto.

A partida inaugurava o Skull Rock Stadium, especialmente construído para a Copa do Mundo das Terras Imaginárias, e seguia uma certa tradição do mundial: o primeiro amistoso antes do início do torneio é sempre entre o time da casa e um planeta convidado. Na edição passada, por exemplo, os amalucados jogadores de Pepperland perderam de goleada para os frios e racionais alienígenas de Vulcano.

O jogo de ontem começou após o show de abertura da banda Mermaids, que hipnotizou, literalmente, grande parte dos presentes. A seleção da Terra do Nunca entrou logo depois, ovacionada pela torcida. Formada exclusivamente por piratas, a equipe tem sido duramente criticada pelo rigoroso treinamento a que supostamente tem submetido seus atletas. Afogamentos, ataques de tubarões e enforcamentos acidentais vêm sistematicamente eliminando os jogadores que vão mal nos treinos, e, embora a comissão técnica negue qualquer relação entre as mortes e a qualidade futebolística de sua equipe, nem a equipe nem os torcedores negam uma certa satisfação quanto à expressiva melhora nos resultados.

Porém, a imbatível superioridade do time de Krypton se fez notar assim que a partida teve início. Quiliocampeões da Liga Interplanetária, os kryptonianos demonstraram velocidade e habilidade logo no começo do jogo, quando marcaram seu primeiro gol aos três segundos e meio. Embora tecnicamente competentes, os piratas tiveram sérios problemas com a aparente invulnerabilidade dos kryptonianos. Além disso, acredita-se que vários lances importantes foram prejudicados pela visão limitada que proporcionavam os tapa-olhos de alguns dos atletas. Ao fim do primeiro tempo, o desespero tomava conta da seleção da Terra do Nunca: a equipe adversária contabilizava nada menos que incríveis 39 gols no placar.

Depois do intervalo, no entanto, o que se viu foi outra partida. O time de Krypton retornou ao campo completamente apático, fraco, sem energias. Os atacantes Born-El e Leon-El, destaques no primeiro tempo, não conseguiam sequer passar pelo mais franzino dos zagueiros da Terra do Nunca, enquanto o goleiro Taphar-El chegou ao cúmulo de dormir em campo, causando profunda indignação nos torcedores. Placar final: 39 para Krypton, 213 para a Terra do Nunca.

O time convidado só foi salvo de um linchamento graças à perspicácia do árbitro da partida. Desconfiado da inesperada virada da seleção anfitriã, o juiz Joseph Dredd pediu à comissão de arbitragem uma rápida busca pelo estádio, que resultou na descoberta de uma enigmática pedra verde escondida atrás do vaso sanitário do vestiário de Krypton. Suspeita de ser a causa da apatia dos kryptonianos, a pedra foi levada a um laboratório para exames. Espera-se que ainda esta semana o estranho caso de dopping às avessas seja solucionado.

Numa entrevista concedida à imprensa logo após a partida, o capitão da equipe, James Hook, falou sobre a polêmica: “Não, eu não sei nada sobre essa tal pedrinha que acharam na privada dos etês. E mesmo que eu soubesse, qual é o problema? Os caras chegam esbanjando confiança, estufando o peito, chamando a gente de cara-de-pau. Só que ninguém lembra que eles têm visão de raio X, superaudição, essas coisas. E com certeza deviam estar escutando e prestando atenção enquanto a gente repassava nossas táticas antes da partida. Eles podem roubar e a gente não, é isso? Bom, o placar só fez jus à competência de cada time. E quer saber? Quero mais é que se explodam, eles e o planeta deles.

A Ilha da Caveira enfrenta hoje à noite o combinado de Springfield, no último amistoso antes do início da Copa.


O capitão James Hook: orgulho de ser perna-de-pau.

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Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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