Constantes cosmológicas
Tendo como topo o campeonato vencido pela Itália em 1982, a pirâmide funcionava bem para 4 copas, e os campeões de 1986, 1990, 1994 e 2002 correspondiam exatamente aos vencedores em 1978, 1974, 1970 e 1962, respectivamente. A única exceção era a Inglaterra, que ganhou em 1966 e supostamente deveria ter vencido em 1998, quando foi a vez da França. Mas esse "erro" era justificado por uma série de coincidências: Inglaterra e França levantaram o caneco apenas uma vez, jogando em casa, na Europa, numa copa em que uma seleção estreante terminou em terceiro lugar e com o artilheiro do torneio (Eusébio de Portugal em 66, Suker da Croácia em 98).
Agora, no entanto, não há coincidência ou desculpa esfarrapada que relacione o Brasil de 58 com uma seleção diferente. E isso invalida a teoria da pirâmide, certo? Mas é aí que surge a importante pergunta que abre novas e intrigantes possibilidades: e se não for uma pirâmide?
Vamos aos fatos: Deus não joga dados, como disse Einstein. E ciência é assim mesmo, alguém desenvolve um modelo, depois a realidade impõe pequenas modificações, e o modelo vai se alterando e tomando formas cada vez mais próximas de uma versão definitiva.
Pois bem. Sem mais preâmbulos, cá está o meu primeiro modelo pós-pirâmide.
Trata-se de um "M" composto de quatro retas e três vértices (ou pontas). O funcionamento é simples: os países campeões são sempre os mesmos numa mesma linha, exceto quando ocupam os vértices. Assim, eliminamos a uma suposta correspondência entre França e Inglaterra na pirâmide original, que estava mais pra uma falha disfarçada. A Itália de 1982 ocupa o primeiro vértice, a França de 1998 o segundo, e o terceiro (2014) permaneceria como um elemento surpresa, que pode tanto ser a própria Itália quanto uma seleção avulsa emergente.
Ainda de acordo com o "M", a Alemanha vence em casa no domingo que vem. E alguém ainda duvidava disso?
Claro que falo de um modelo em constante desenvolvimento. Inclusive sei de outros pesquisadores que, neste momento, estão trabalhando numa Teoria de Todas as Copas que explique discrepâncias e alinhe cada campeão numa fileira única. Só poderemos tirar a prova aos poucos, a cada quatro anos. Se alguém tiver um Sports Almanac em casa, por favor avise, ajudaria bastante. Enquanto isso, continuamos nos divertindo com nossas constantes cosmológicas.
Considerações finais sobre a derrota patética do Brasil:
1) Melhor que continue como está. "Rumo ao hexa" é feio pra diabo, mas convenhamos: "rumo ao hepta" é pior ainda.
2) O pior de tudo é que não tive tempo de zoar nenhum argentino.
3) Certa mesma estava minha avó, que me ligou ontem antes do jogo e disse ter apostado num bolão que a França venceria por 1 a 0. Uma ligeira intuição, segundo ela...
Drogas. Não usem, crianças.
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