Transitolândia
Saiu no Estado de Minas de hoje: ônibus é a solução para caos no trânsito. Segundo a reportagem, se 420 mil pessoas que trafegam hoje dentro de seus aconchegantes automóveis migrassem para o transporte coletivo, os engarrafamentos diminuiriam em 53%. Os especialistas calculam que, no ritmo que está, em cinco anos São Paulo vai travar. As estimativas para BH, Rio e Porto Alegre variam de 10 a 15 anos. Eu acho que é muito otimismo.
No início do ano resolvi experimentar um retorno aos balaios. Foi uma liberdade boa: não precisava me estressar no trânsito, não perdia tempo procurando vaga, não gastava uma nota em estacionamentos e gasolina, nem ficava preocupado se o carro estava em segurança. No caminho de volta, porém, o paraíso sumia. Pegar ônibus na Savassi às seis horas da tarde rumo a um bairro que abriga três faculdades é uma provação. Você muda seus parâmetros, de repente ter um lugar para repousar ambos os pés já é um alívio grande. Não teve jeito: acabei voltando ao mundo automotivo.
A matemática dos engenheiros de trânsito é simples. Um ônibus equivale a 36 carros de passeio, em número de pessoas. O problema é que a situação toda é um grande impasse: quem anda de carro não quer mudar para um ônibus lento e superlotado; e os ônibus só deixarão de ser lentos e superlotados se os carros saírem das ruas e cederem lugar a mais ônibus. A conclusão é evidente: não vai dar em nada. Hoje em dia dá pra financiar um carro em até sete ou oito anos. Ou proíbem o tráfego, ou proíbem logo a venda, ou então partamos para outras soluções:
Smart a preços populares. Guarde sua Hilux para as estradas. No centro da cidade o que vale é ter carro pequeno, tipo o Gurgel (lembra do Gurgel?), ou o Smart - que só comporta duas pessoas e é uma beleza pra fazer baliza. Passou da hora de popularizarem esse troço no Brasil.
Metrô decente em Belo Horizonte. O metrô daqui é muito engraçado, sai do nada e vai pra porra nenhuma. Já passou da hora de um metrô competente, com quarenta linhas interligadas, conectando a Savassi ao Centro, o Buritis ao BH Shopping, os bares da Pium-í aos botecos de Santa Tereza. Só não quero imaginar a zona que fariam as obras de um negócio desses.
Teletransporte. Já tão conseguindo teletransportar fótons; disso pra humanos é um pulo, não é? Ok, não é, mas pensa como vai ser bom o dia em que as estações de teletransporte estiverem em cada esquina, levando gente de um lugar pra outro como numa mensagem de MSN. De vez em quando alguém vai chegar faltando pedaço, ou com os membros trocados, ou com cabeça de mosca. Mas ei, acidentes também acontecem no trânsito convencional.
Uma praga para dizimar a maioria da população. Essa é infalível. É fato: exceto por uns dois ou três leopardos, o Will Smith não tinha dificuldades em se locomover pela Nova York de Eu Sou a Lenda. Quem sabe não implantam o modelo por aqui?