Filmes de Dois Mil e Dôuze - Parte 33
ERASERHEAD (EUA, 1977, dir. David Lynch)
Filme de estréia de David Lynch, já é um perfeito representante do que se convencionou chamar de “lynchiano”. Há sim uma narrativa básica, envolvendo o protagonista de cabelo maluco, um bebê-dinossaurinho e o medo da paternidade, mas a história é contada de maneira bem livre e nunca sabemos o que é alucinação e o que é “verdade”. É um filme de estilo único, cheio de cenas nojentas, sons perturbadores, poucos diálogos e momentos surreais (as mini-galinhas são minhas favoritas). Eu gostei bastante, mas não me peça pra explicar. Acho que curtirei ainda mais quando assistir uma segunda vez. Nota 4/5
O SEGREDO DE BROKEBACK MOUNTAIN (Brokeback Mountain, EUA/Canadá, 2005, dir. Ang Lee)
Várias escolhas me surpreenderam em Brokeback Mountain, e todas positivamente. O momento em que o relacionamento entre Ledger e Gyllenhaal começa foi uma delas – surge quase sem aviso, mesmo que todos já saibamos de antemão o que vai acontecer. Outra foi o longo período que escolheram para contar a história: são duas décadas, tornando o difícil romance entre os dois protagonistas não apenas um episódio com final aberto, mas uma história longa com início, meio e fim. Calhou de ser um filme sobre “cowboys gays”, mas poderia ser sobre qualquer relacionamento difícil. Nota 5/5
O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA (The Texas Chain Saw Massacre, EUA, 1974, dir. Tobe Hooper)
Tem um início intrigante quando um grupo de jovens dá carona para um sujeito bizarro, mas o “grosso” do filme – os ataques de Leatherface com a ferramenta-título – já foi tão repetido nas décadas seguintes que não soa tão interessante hoje em dia. A última meia hora, que envolve uma família definitivamente disfuncional, impressiona mais e melhora substancialmente o conjunto final. Nota 3/5
MEGA SHARK VS CROCOSAURUS (EUA, 2010, dir. Christopher Ray)
Peca principalmente não por ser um filminho safado claramente feito em poucas semanas, mas por carecer de mais humor. O mais divertido é mesmo observar a tosquice dos efeitos especiais – a barbatana gigante recortada que sequer faz ondas nas águas ao seu redor (seria mais barato e convincente filmar numa piscina com uma barbatana de plástico), as explosões feitas com plug-ins do After Effects, a sensação nula de profundidade, o tubarão mais tosco que aquele holograma em De Volta Para o Futuro II, os ovos gigantes que parecem batatas, as pegadas do crocodilo feitas digitalmente, as cenas de pessoas correndo na rua que eles repetem invertidas para parecer que são outras, as cenas debaixo d'água que parecem os infográficos animados mostrados por Bill Paxton em Titanic... a lista é imensa. De resto, é um caça-níqueis propositalmente ruim cujo personagem mais marcante é um Indiana Jones genérico, as cenas de ação são tão escuras e malfeitas que você não entende o que está acontecendo e até o slogan do pôster (“Whoever wins, we lose”) é plagiado – de Aliens vs Predador! Nota 1/5
JUVENTUDE TRANSVIADA (Rebel Without a Cause, EUA, 1955, dir. Nicholas Ray)
O personagem de James Dean é um rebelde “sem causa” exatamente como na música do Ultraje a Rigor: seus pais estão sempre do seu lado, seja quando está bêbado na delegacia, seja quando acabou de participar de um pega fatal. Os conflitos com os pais permissivos e a chegada de Dean na escola, como um novato outsider, funcionam melhor que o romance entre ele e Natalie Wood (que acontece muito rápido após uma tragédia) e que a mudança de foco no final, que muda de Jim para o psicopatinha Plato. Nota 4/5
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