04/01/2012

Filmes de Dois Mil e Dôuze - Parte 1

Depois de bater meu recorde pessoal e assistir a 265 filmes em 2011, decidi que vou escrever pelo menos um parágrafo raso sobre cada filme visto em 2012. Na falta de lugar melhor pra publicar (no Cinema de Buteco só posto textos completos), tiro a poeira do Biselho. A cada cinco filmes, colocarei aqui um pacotão de comentários.

Os primeiros cinco filmes que eu vi em 2012:


LIGEIRAMENTE GRÁVIDOS (Knocked Up, EUA, 2007, dir. Judd Apatow)
Uma espécie de primo do Superbad, compartilhando o mesmo produtor (que aqui também dirige), vários dos mesmos atores e os mesmos diálogos espertos. A diferença é que enquanto Superbad tratava de questões adolescentes (comprar bebidas, perder a virgindade), Ligeiramente Grávidos tem um tema mais "gente grande", a gravidez. Seth Rogen e Katherine Heigl formam um casal improvável, que ganha credibilidade pela boa química entre eles. Apesar da duração um pouco excessiva (mais de 2h) e da presença constante da personagem da irmã da protagonista (Leslie Mann), que é uma chata de galochas sem ser engraçada, é uma comédia bem simpática e uma boa pedida pra começar meu 2012. Nota 4/5


SEXO, MENTIRAS E VIDEOTAPE (Sex, Lies, and Videotape, EUA, 1989, dir. Steven Soderbergh)
Primeiro filme do versátil Steven Soderbergh, que escreveu o roteiro em 8 dias e tinha 26 anos na época (e eu aqui a 1 dia de completar 27...). O elenco é enxuto e bem escolhido: Peter Gallagher como o marido canalha, Andie MacDowell como a esposa recatada, Laura San Giacomo como a cunhada safada e James Spader como o sujeito meio andrógino que filma entrevistas com mulheres falando sobre sexo. A direção e o texto privilegiam as atuações e, exceto por um ou outro momento mais lento, sempre funcionam. A única sensação estranha é a de não conseguir me envolver muito com nenhum personagem, como se fosse Spader assistindo atento a uma de suas fitas, voyeuristicamente, mas sem participar. Nota 4/5


PAGE ONE: INSIDE THE NEW YORK TIMES (EUA, 2011, dir. Andrew Rossi)
A equipe do documentário passou um ano na redação do New York Times, registrando bastidores e entrevistando figuras proeminentes do jornal. A linha geral é o conflito entre a velha mídia e a era da internet, coisa que já dura pelo menos uma década e não oferece uma perspectiva lá muito boa para a mídia impressa. Há várias cenas interessantes do dia-a-dia do jornal, como a que mostra a decisão de se publicar ou não uma história não confirmada sobre o fim da guerra do Iraque, além de reuniões de pauta e entrevistas com repórteres no meio de um artigo ou de um telefonema com possíveis fontes. Mas a estrutura do documentário é confusa, saltando de um tema a outro sem muita ligação – de WikiLeaks e Twitter a assuntos que não são familiares para não-americanos. E as opiniões/previsões sobre o futuro do jornalismo tradicional, que permeiam o filme todo, soam às vezes como conversa de boteco – mesmo quando sagazes e divertidas, ou talvez justamente por isso – porque ninguém tem certeza completa do que está falando, e não têm mesmo como ter. O filme tenta terminar com um tom otimista, mas logo em seguida põe um letreiro dizendo que "leitores e editores ainda estão debatendo sobre como o jornalismo pode se sustentar". A impressão é de que, sem poder oferecer respostas às questões que propõe, Page One será um documentário datado em pouquíssimo tempo. Nota 3/5


PLATOON (EUA/Reino Unido, 1986, dir. Oliver Stone)
No mesmo ano em que viveu um de seus primeiros papéis no cinema como o drogadito que pega a irmã de Ferris Bueller em Curtindo a Vida Adoidado, Charlie Sheen estrelou este filme baseado nas experiências do diretor Oliver Stone na Guerra do Vietnã. Outros rostos famosos também integram o elenco em suas versões 25 anos mais novas – Willem Dafoe, Forest Whitaker, Johnny Depp. Sheen é um jovem que se voluntaria para a guerra e percebe já nos primeiros dias a cagada que fez. O clima de camaradagem do início do filme, quando os soldados jogam, cantam e fumam maconha juntos, logo dá lugar a abusos e conflitos internos. O embate entre Willem Dafoe e um cicatrizado Tom Berenger polariza os membros do pelotão e têm conseqüências imprevisíveis. Gosto principalmente da falta de um heroísmo explícito, tão batido nesse tipo de produção, e da sensação de desnorteio passada pela maioria dos jovens soldados – ninguém ali é herói de filme de ação e tampouco finge ser. Nota 4/5


RED – APOSENTADOS E PERIGOSOS (RED, EUA, 2010, dir. Robert Schwentke)
Apesar das similaridades com a série Bourne – perseguição a ex-agentes da CIA, uma mulher inocente que acaba envolvida –, RED pende muito mais pro lado da comédia do que para um thriller realista. O grupo de "velhinhos" tem um elenco de peso encabeçado por Bruce Willis e que também inclui Morgan Freeman, um John Malkovich mais malucão do que precisava e uma Helen Mirren que não convence muito como assassina profissional. Se as cenas mais "sérias" parecem recicladas de dezenas de outros filmes do gênero, as cômicas e absurdas – como Willis descendo de um carro em movimento (não é pulando: é descendo!) – fazem jus ao status de "adaptação de HQ" e são as que mais entretêm. Nota 3/5

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Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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