16/01/2012

Filmes de Dois Mil e Dôuze - Parte 3

Filmes vistos entre 9 e 15 de janeiro:


PLANETA DOS MACACOS: A ORIGEM (Rise of the Planet of the Apes, EUA, 2011, dir. Rupert Wyatt)
Depois de ver o filme nos cinemas e rever em casa, não mudo minha percepção: apesar dos defeitos na caracterização unilateral da maioria dos personagens humanos (Tom Felton é mau por ser mau, Freida Pinto é boazinha e sem sal, John Lithgow some quando o roteiro não precisa mais dele), as estrelas são os macacos e são eles que fazem esse reboot de Planeta dos Macacos funcionar. No ano fraco em blockbusters que foi 2011, este sem dúvida foi um dos melhores. E pra quem está esperando pela seqüência, é só ver Contágio, também de 2011: não tem macaco, mas o resto encaixa como uma luva. Nota 4/5


A COSTELA DE ADÃO (Adam's Rib, EUA, 1949, dir. George Cukor)
Divertida comédia de "guerra dos sexos", quando a luta pelos direitos iguais entre homens e mulheres ainda podia render um filme inteiro em Hollywood e soar atual. Spencer Tracy e Katharine Hepburn são casados e ambos advogados, atuando em lados opostos de um mesmo caso: ela representando uma mulher traída que tentou matar o marido, ele na promotoria, defendendo o cara. Longos planos sem cortes evidenciam o ótimo timing cômico dos dois, e as cenas no tribunal têm inventividades que não eram batidas nos anos 40, como a transformação das testemunhas em indivíduos do sexo oposto. Nota 4/5


O PANACA (The Jerk, EUA, 1979, dir. Carl Reiner)
Um dos primeiros filmes de destaque de Steve Martin, O Panaca está no livro 1001 Filmes Para Ver Antes de Morrer e na lista dos 500 melhores da revista Empire, que o descreve como "sério candidato a filme mais engraçado de todos os tempos". Que decepção. Não só Martin exagera além da conta como o idiota que acaba ficando rico, como os outros personagens parecem igualmente boçais, o que torna a suspensão da descrença quase impossível. A estrutura é episódica demais e as motivações por trás dos personagens são tão avulsas e inverossímeis que não dá pra achar graça. Muita coisa me lembrou Débi & Lóide, de 15 anos depois, que é infinitamente melhor (e não é minha memória afetiva falando: revi o filme há pouco mais de um ano e continua ótimo). Mas no filme com Jim Carrey, os protagonistas eram idiotas mas os coadjuvantes não; se havia um assassino em seu encalço, ele tinha um motivo mais plausível do que simplesmente escolher um nome a esmo na lista telefônica; se a mocinha se mostrava apaixonada por um cabeça-de-vento, era porque precisava fingir, não porque ela também era imbecil. Salvo em duas ou três gags rápidas, O Panaca falha em todas as suas tentativas de provocar risadas. Como é que pode ser tão cultuado? Nota 1/5


GATA EM TETO DE ZINCO QUENTE (Cat on a Hot Tin Roof, EUA, 1958, dir. Richard Brooks)
Adaptado de uma peça de Tennessee Williams (que declarou ter odiado o resultado nas telas), tem os então jovens Paul Newman e Elizabeth Taylor lavando roupa suja durante a maior parte do filme. O elenco é certeiro (incluindo os personagens odiáveis, como a cunhada de Newman) assim como as cenas, calcadas nos diálogos e fluindo quase em tempo real. Destaque ainda para o "Big Daddy" interpretado por Burl Ives, um sujeito cansado da hipocrisia da família e que não hesita em dar patada na esposa chata, no filho sanguessuga, na cunhada megera ou nos netinhos capetas. Nota 4/5


A MENINA QUE BRINCAVA COM FOGO (Flickan Som Lekte Med Elden, Suécia/Dinamarca/Alemanha, 2009, dir. Daniel Alfredson)
Li umas 100 páginas de Os Homens que Não Amavam as Mulheres antes de abandoná-lo de vez, aborrecido com o estilo excessivamente expositivo de Stieg Larsson. O filme sofre desse mesmo problema, mas funciona melhor, apresentando-nos à personagem intrigante que é Lisbeth Salander. Mas esta segunda parte da trilogia Millenium decepciona: mais diálogos expositivos, mais clichês ultrabatidos (alguém troca de canal e começam a mostrar uma notícia importante) e pouco desenvolvimento dos protagonistas Lisbeth e Blomkvist. Falta tensão – seja pegando fogo, levando tiro ou enterrado vivo, você sabe que aquele personagem vai sobreviver. As "revelações" soam bem forçadas e a trama apela até para um vilão jamesbondiano com cara de russo e que não sente dor. Vamos ver como Hollywood vai se sair nessa. Nota 2/5

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Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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