16/04/2012

Filmes de Dois Mil e Dôuze - Parte 16


NOIVO NEURÓTICO, NOIVA NERVOSA (Annie Hall, EUA, 1977, dir. Woody Allen)
Além dos diálogos espertos e do fato de ser uma comédia romântica sem final feliz ("Vocês queriam o quê? Era minha primeira peça."), o barato de Annie Hall é sua inventividade: há crianças na sala agindo como os adultos que ela se tornarão, Woody Allen tirando um filósofo detrás de um bimbo, falando para a câmera, interagindo com flashbacks, desenho animado, Diane Keaton saindo do corpo, legendas com o que os personagens estão realmente pensando. Não foi o primeiro nem o último filme a fazer coisas assim – Morangos Silvestres do Bergman já tinha personagens revisitando cenas do passado, e 500 Dias com Ela foi saudado como super original por gente que provavelmente nunca viu Annie Hall. Pois vejam! Nota 5/5


A ONDA (Die Welle, Alemanha, 2008, dir. Dennis Gansel)
A idéia, baseada em um experimento sociológico verídico, é bacana: um professor decide demonstrar aos alunos como um movimento fascista pode surgir facilmente mesmo numa sociedade democrática. Já a execução sofre com alguns problemas, quase todos de roteiro: há personagens demais, e me parece um tanto improvável que nenhum aluno de uma turma de 40 tenha percebido que aquilo era um experimento e que o professor estava mesmo era tirando onda. Nota 3/5


O GRANDE LEBOWSKI (The Big Lebowski, EUA/Reino Unido, 1998, dir. Joel & Ethan Coen)
Comédia cult que gerou sua própria convenção anual e até uma pseudo-religião, O Grande Lebowski é irmãos Coen puro, mas mesmo vendo de novo (e esse é daqueles que melhoram a cada revisão, à medida que falas que nem são tão engraçadas viram piadas internas), ainda não o considero um filme excelente. Quase chega lá, mas as seqüências de sonho, por mais que sejam criativas, acabam se tornando barrigas, como em 90% dos filmes que exploram o recurso; o roteiro malucão não consegue dar um fechamento lá muito satisfatório (como bem apontam os Coen no making-of, cadê o tapete no final?) e o personagem de John Goodman poderia ser o pai de Zach Galifianakis em Se Beber Não Case: é de se admirar que um sujeito tão imprevisível ainda possa ter amigos. Nota 4/5


ATRAÇÃO FATAL (Fatal Attraction, EUA, 1987, dir. Adrian Lyne)
Embora aqui e ali o roteiro possa ser previsível, e a coisa fique um tanto maniqueísta no final (com direito até a rapto de criança e o "susto final" zoado no primeiro Pânico), é um thriller bem eficiente. Glenn Close é a ultimate crazy bitch, e dá até dó do Michael Douglas ser perseguido por uma mulher daquelas, mesmo com culpa no cartório. Nota 4/5


TITANIC (EUA, 1997, dir. James Cameron)
Titanic tem seus detratores, mas me inclua fora dessa. Reconheço vários probleminhas, principalmente a caracterização vilanesca de Billy Zane e seu capanga, mas as qualidades compensam de longe. É um filme de 3h15 em que me peguei olhando o relógio uma só vez (em John Carter, que também vi no cinema, foram umas quinze); uma história de amor melosa, com uma trilha mais melosa ainda, que consegue me manipular mesmo na sexta ou sétima revisão. É interessante ver Leonardo Di Caprio e Kate Winslet ainda "verdes", segurando o filme com competência mesmo sem serem os atores que são hoje (curiosamente, o resto do elenco praticamente sumiu das telas). As transições entre a carcaça do Titanic cheia de lodo no fundo do oceano e o luxuoso interior pré-iceberg continuam espetaculares – os efeitos especiais, aliás, são quase todos bem orgânicos e não envelheceram. O 3D, no entanto, varia entre o competente e o prejudicial. É competente nas cenas que envolvem multidões e várias camadas de detalhes, especialmente no interior do navio; mas prejudicial quando há personagens em primeiro e segundo plano e aqueles em primeiro plano estão desfocados: ver um borrão saltando na sua frente é justamente o contrário da intenção original de desfocar aquele personagem para direcionar nossa visão ao outro. Não adianta: pode até ser divertido rever no cinema um filme que você curte (eu adoraria ver De Volta Para o Futuro na telona), mas se ele não foi pensado em 3D, nem James Cameron que é James Cameron consegue fazer milagre. Nota 5/5 para o filme, mas o 3D vale uns 3/5.

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Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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