25/04/2007

Il Carnevale



O carnaval de Veneza é assim: quem tem dinheiro veste suas fantasias caras e desfila pelas ruelas em busca de atenção. Quem só tem uma câmera digital tira fotos e infla o ego dos fantasiados. Crianças trajadas de Batman ou Homem-Aranha se divertem tacando spray de neve nos inumeráveis pombos que se amontoam nas ruas, nas praças, nas pontes. Quando escurece rolam uns eventos na Piazza San Marco, teatros, shows, às vezes até umas apresentações de grupos de berimbau. Dizem que as festonas de verdade acontecem dentro dos palácios, a precinhos camaradas tipo 100 euros de entrada, mas micareta com gente suada de abadá pulando que nem pipoca, só no Brasile mesmo.



Quem é você? Diga logo que eu quero saber o seu jogo!



Diga ics: a mascarada da foto acima sob a mira dos paparazzi.



Achei alguém mais narigudo que eu!



Souvenir pra arrebentar na Sapucaí ano que vem.



Uma bocarra entretém a molecada.



Precisa me amar!



Gelato de stracciatella, algo como um sorvete de flocos tunado.



Vagarosos e furiosos: gondoleiros emparelhados prontos para aquela facada nos olhos da turistada.



Degradê de lodo.



Uma luz no fim do beco.



Raivosa dissertação visual sobre marcas de tênis.


Camping Next To Water

O esperto aqui resolveu reservar o albergue de Veneza meros dois dias antes de ir, em pleno carnaval. Evidentemente, todos já estavam lotados até o final de fevereiro. A solução: arranjar um quarto numa cidade vizinha. Achei um lugar chamado Camping Jolly, que ficava em Marghera. Do centro de Veneza até lá eu gastava quase duas horas, mesmo que o trajeto do ônibus durasse apenas 10 minutos. Primeiro me embrenhava por entre as ruelas até chegar à Piazzale Roma, saída de Veneza, o que demorava cerca de meia hora de andanças labirínticas. Depois pegava um ônibus até Marghera e rezava pra acertar o ponto certo onde tinha que descer. Nunca consegui. Normalmente eu descia alguns quarteirões antes ou alguns depois e precisava me orientar pelas escassas placas e os poucos cidadãos que tinham um razoável conhecimento geográfico da redondeza. Aí era só andar, andar e andar mais um pouco, chegar ao Camping Jolly e tomar um banho no pior chuveiro do mundo, que mandava água pra parede ao invés do chão, alagando o cubículo e tornando o banho uma sucessão de acobracias.



As casinhas do Camping Jolly e seu agradável clima de Sexta-Feira 13.



"Publicidade? Não, obrigado."

É tão bão ver quando a profissão da gente é reconhecida.



Amanhã tudo volta ao normal. Deixe a festa acabar, deixe o barco correr, deixe o dia raiar.

0 comments :

Postar um comentário

Quem

Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

Busca no blog

Leia

Leia
Cinema-Múndi: Uma viagem pelo planeta através da sétima arte

Leia também

Leia também
A Saga de Tião - Edição Completa

Ouça

Ouça
Sifonics & Lucas Paio - A Terra é Plana

Mais lidos

Leia também


Cinema por quem entende mais de mesa de bar

Crônicas de um mineiro na China


Uma história parcialmente non-sense escrita por Lucas Paio e Daniel de Pinho

Arquivo

Contato

Nome

E-mail *

Mensagem *