Queria ou não queira
Boa pedida essa nova coleção da Folha. Seguindo o esquema jazzístico lançado ano passado, que trazia 20 livros-cds com a história dos artistas, curiosidades, disquinho lembrando um vinil e preço camarada, a nova coleção vem apresentar, nos mesmos moldes, os crássicos da Bossa Nova.
Ok, vamos ser sinceros: se o jazz tem numerosas vertentes, incontáveis expoentes e décadas de produção ativa, fazendo de cada livro-disco uma porta para novos sons e possibilidades, a Bossa Nova é coisa de três caras (Tom, Vinicius e João Gilberto) e um punhado limitado de canções (ainda que muitas obras-primas) repetidas à exaustão por zilhares de intérpretes (mesmo que muitas versões superem as originais). A nova coleção, obviamente, aproveita a onda dos 50 anos da Bossa Nova - e é bom que aproveite logo, que essa onda já tá passando. Mas a coisa é bem-vinda. Vinte discos conseguem ser um apanhado bem completo do estilo, o texto do Ruy Castro é informativo e descontraído, bom pra ler deitado na rede, e a relação custo-benefício é uma lição pra muita gravadora sem-vergonha por aí.
Tom e Vinicius, não por acaso, já batizam os volumes 1 e 3, cantando as próprias músicas. O volume 2 é dedicado ao Dick Farney, cuja empostação de voz à la Nélson Gonçalves não me convenceu. Voz de Bossa Nova tem que ser miúda e precisa, quase inaudível, como a de João Gilberto. Aliás o João, estranhamente, não dá as caras em nenhum dos vinte volumes. Será que não aprovou a qualidade do som? Não importa, ainda temos Baden, Nara e Marcos Valle pela frente e a expectativa para a coleção do ano que vem: a Folha seguirá a linha das comemorações e investirá nos 30 anos da Lambada?
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