Funeral
Lucas Paio, maio/2009
Quando tinha seus dezoito anos, num boteco, surgiu o papo do enterro. Como vocês imaginam o seu próprio funeral? Ele pintou na mente uma tela invejável. Manhã ensolarada, multidão. A bandeira do Brasil sobre o caixão, discreta, e outra do América ocupando todo o resto. A viúva, aos prantos, amparada por familiares. Sua filha controlando a emoção para discursar. Os amigos conversando entre si, nostálgicos: esse foi um cara legal. A banda toca um tango, a neta enxuga uma lágrima, fim. Anos depois, vendo a esposa comer com as mãos sobre o balcão da cozinha, a filha entrar em casa fedendo a pinga, o neto malcriado chutando o cachorro e o América naquela situação, doar o corpo para a faculdade de Medicina não parecia tanto um disparate.
Quando tinha seus dezoito anos, num boteco, surgiu o papo do enterro. Como vocês imaginam o seu próprio funeral? Ele pintou na mente uma tela invejável. Manhã ensolarada, multidão. A bandeira do Brasil sobre o caixão, discreta, e outra do América ocupando todo o resto. A viúva, aos prantos, amparada por familiares. Sua filha controlando a emoção para discursar. Os amigos conversando entre si, nostálgicos: esse foi um cara legal. A banda toca um tango, a neta enxuga uma lágrima, fim. Anos depois, vendo a esposa comer com as mãos sobre o balcão da cozinha, a filha entrar em casa fedendo a pinga, o neto malcriado chutando o cachorro e o América naquela situação, doar o corpo para a faculdade de Medicina não parecia tanto um disparate.
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