13/04/2005

"Tenho um bom petisco pra encher a minha pança..."



Pensei em fazer um musical sobre a Chapeuzinho Vermelho. No lugar das musiquinhas tradicionais ("pela estrada afora, eu vou bem sozinha...") entrariam composições genuinamente brasileiras, de Chico Buarque aos Mutantes, de Cazuza a Erasmo Carlos, passando por Maria Rita, Engenheiros do Hawaii, Tianastácia. No papel da Chapeuzinho, sei lá, talvez a Sandy. Rita Lee pode ser a vovozinha. E no papel do Lobo Mau, claro, ninguém melhor que o Lobão.

O musical começaria com Chapeuzinho Vermelho abrindo os olhos e cantando: "Hoje eu acordei com sono... sem vontade de acordar...".

Entra sua mãe com uma cesta de doces na mão e Chapeuzinho já entende a dura jornada que terá pela frente. Antes de sair, a mãe dá as últimas recomendações à filha: "Olhe para frente e não pra trás, seu caminho você é quem faz. Só não vá se perder por aí". E Chapeuzinho sai cantando alegremente pelo bosque, meditando: "Ninguém por perto... silêncio no deserto... deserta highway..."

O Lobo, que a observa por trás de uma árvore, parece se empolgar com a menininha: "Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça!". E aparece de repente na frente de Chapeuzinho. "Será só imaginação?", ela pensa. Decide tirar a prova e pergunta: "Quem é você? Diga logo, que eu quero saber o seu jogo!"

Close no sorriso do Lobo. "Me chamam Lobo Mau... me chamam Lobo Mau... e eu sou o tal, tal, tal..". Fim do primeiro ato.

Outros possíveis grandes momentos do musical:

Chapeuzinho chegando na casa da vovozinha e escutando a voz lá de dentro: "Chega aí, pode entrar, quem tá aqui tá em casa...". E imaginando que a avó deve estar doente mesmo, pra cantar uma música daquelas.

Chapeuzinho notando algo de errado na cara da avó, sem saber bem o quê, e clamando aos céus: "Eu só peço a Deus um pouco de malandragem, pois sou criança e não conheço a verdade!". Enquanto isso, o Lobo se diverte: "Ela achou meu cabelo engraçado..."

O caçador tirando Chapeuzinho e sua avó da barriga do Lobo, e a menina zombando do pobre bicho: "Ê, ê... ele não é de nada, oiá..."

E a cena final, o Lobo com a barriga cheia de pedras, uma cara sofrida, lamentando:

"Ai, como dói"...

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Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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