04/10/2006

Tão sem passarinhos



Semi-leitura do momento: "Chega de Saudade - A História e as histórias da Bossa Nova", do Ruy Castro. Semi porque as histórias me apetecem mais que a História, e preferi por isso uma leitura descompromissada, um capítulo aqui antes de dormir, um trecho ali depois do almoço, sem a linearidade que me indicam os números no rodapé. Aproveitando meus derradeiros meses como estudante, colhi o livro na biblioteca da faculdade, talvez influenciado pelo documentário Vinícius, que aluguei há pouco tempo por 1 real. (Fabulosa promoção da locadora aqui perto de casa, que também oferece o combo 7 filmes por 15 reais e uma semana pra devolver, além de ganhar uma coca dois litros.)

Enfim, sobre o livro: embora eu tenha visto comentários por aí de que os verdadeiros entendidos de êmepêbê consideram a narrativa de Ruy Castro algo como uma ficção-científica, as histórias ali contadas são deliciosas, ainda mais levando-se em conta minha especial predileção por making-ofs. Como Tom Jobim e Newton Mendonça decidindo compôr um samba "que parecesse uma defesa dos desafinados, mas tão complicado e cheio de alçapões dissonantes que, ao ser cantado por um deles, iria deixá-lo em apuros". Ou a mulher (uma das) de Vinícius implicando com um verso de "Chega de Saudade": "Que coisa mais boba, rimar peixinhos com beijinhos", e a resposta de Vininha, "Ora, deixe de ser sofisticada". Ou a letra original de uma das mais famosas músicas de todos os tempos, que ostentava uma primeira parte um tanto pessimista: "Vinha cansado de tudo / De tantos caminhos / Tão sem poesia / Tão sem passarinhos / Com medo da vida / Com medo do amor..."

>> Na biografia dos Mamonas há um rascunho da primeira versão de "Vira-Vira", escrita por Júlio Rasec e Adilson de Matos em 1984, que trazia o refrão: "Vira vira santo, não vira ninguém / Pegaram o Padre Lino na sacristia com alguém / Vira abre a roda, o coroinha também / Ó amador favor me acuda / Pois a vela é muito dura / Comprida, grossa e acende bem"

>> Mas o prêmio de melhor letra inédita para um mega-hit, sem dúvida, vai para Paul McCartney e seu clássico: "Scrambled eggs / Oh my baby how I love your legs..."

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Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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