Tapete vermelho
4a Mostra de Cinema de Ouro Preto
Parte III
Fechando a série, os melhores e os piores da CineOP 2009:
Melhor evento - Le Rendez-Vouz Du Sam’di Soir. O palavroso nome em francês era o título da sessão mais curiosa e interessante de toda a CineOP: três curtas mudos dos anos 20, de Jean Renoir e René Clair, com trilha sonora tocada ao vivo por três músicos também franceses. Um cara no violão e guitarra (Maxime Roman), uma moça no violino (Céline Benezeth) e outro no teclado e voz (Marco Pereira), criando sons diferentes, melodias ricas, sobrepondo áudio em cima de áudio enquanto as delirantes imagens dos curtas nos hipnotizavam. Parabéns pros caras e pra quem teve a idéia de levá-los a Ouro Preto.
Melhor show - Falcatrua tocando Tim Maia. Primeiro as críticas: fazer um show só com Tim Maia já é meio caminho andado pra entreter o público. O mérito principal, nesse caso, é do finado soul man carioca. O cd, idealizado por Nélson Motta e produzido pelo John do Pato Fu, soa mais como uma forma de lucrar sobre um repertório difícil de estragar. Sem falar que a CineOP careceu de shows realmente bons para comparar. MAS! Pelo menos ao vivo, as versões ficaram realmente legais. As adições de Glauco Nastácia na bateria e, principalmente, de Gleison Túlio na guitarra deram uma cara nova e um feeling especial às canções. Gleison Túlio, na verdade, se sustenta sozinho: sua versão para "Rational Culture" só com guitarras sobre guitarras mata a pau.
Prêmio Dr. Manhattan de Onipresença - Esse é dividido. Em qualquer lugar que a gente fosse em Ouro Preto, dava de cara com um desses três: Rafael Ciccarini, que foi meu professor na Escola Livre de Cinema e é editor da Filmes Polvo; Tutti Maravilha, radialista da Inconfidência há uns cento e cinqüenta anos; e a onipresente-mor, homenageada da CineOP que aparecia nas telas, nos painéis e até no meio da rua: Zezé Motta. Falei tanto dela que, quando a TV Mostra a entrevistou para a edição especial de encerramento, eu apareci lá no fundo também.
Troféu Milli Vanilli de Fraude Sonora - DJ Roger Moore. Segundo a programação, ele tocaria o melhor da música brasileira dos anos 70. Chegou na hora, só colocou o pior da música internacional dos anos 2000. Ou o Snoopy Dog era colega do Simonal e eu não sabia?
Prêmio Irmãos Wright para o vôo que não aconteceu - Vai para a pipa que iria protagonizar nosso curta improvisado, na tarde de segunda-feira. Reunimos um grupo duns cinco, fomos para o Morro da Forca munidos de uma pipa, preparamos alguns poemas para dar um ar mais experimental, cult e pseudo-intelectual, mas na hora agá a pipa não voou. Foi devidamente pisoteada e desmembrada, por ter se recusado a colaborar. Pelo menos recitamos os poemas para a câmera. Trecho do meu:
Troféu Malba Tahan de Sanduíche Mal Calculado - Cheguei numa padaria da Praça Tiradentes e pedi um misto quente. O cara me falou que não tinha queijo. Eu: não tem problema, pode ser só com presunto mesmo. Ele: só que é apresuntado. Eu, desanimado: pode ser, mas já que não tem queijo, capricha. Ele: pãozim de forma ou pãozim de sal? Escolhi o de sal e fiquei lá sentado, aguardando o resultado. Eis que, hesitante, ele alerta: acho que exagerei no apresuntado. Ele tinha caprichado tanto, e ainda colocado umas cinco fatias de tomate não solicitadas, que o pão era só uma mancha perdida num mar de apresuntados escorrendo pelos lados, de fazer inveja em um toscoburguer. Foi o primeiro misto quente que comi de garfo e faca, e ainda sobrou.
Troféu Pedra de Rosetta de Caligrafia Mais Indecifrável - Vai para o Bigode, instrutor da nossa oficina. Ele copiou a sentença de Tiradentes num pedaço de papel para o Paulo Augusto ler, e ninguém conseguia traduzir o que estava escrito. Foi preciso que voltassem ao Museu e pedissem uma cópia digitada para que sanássemos nossas dúvidas. Depois comprei um livro com a biografia do Bigode (Luiz Carlos Lacerda, de Alfredo Sternheim, para a Coleção Aplauso) e pedi para ele autografar, mas com menos de dez minutos consegui decifrar a dedicatória toda.
Música-tema da CineOP - São várias as candidatas: "Todos Estão Surdos", do Robertão ("Mas meu amigo, volte logo..."), "Rational Culture" do Tim Maia ("We are gonna rule the world, don't you know, don't you know") e até as marchinhas histórico-carnavalescas do Tião do Doce. Mas o grande prêmio - em homenagem, claro, a Zezé Motta - vai para Xica da Xica da Xica da Xica da Silva.
Parte III
Fechando a série, os melhores e os piores da CineOP 2009:
Melhor evento - Le Rendez-Vouz Du Sam’di Soir. O palavroso nome em francês era o título da sessão mais curiosa e interessante de toda a CineOP: três curtas mudos dos anos 20, de Jean Renoir e René Clair, com trilha sonora tocada ao vivo por três músicos também franceses. Um cara no violão e guitarra (Maxime Roman), uma moça no violino (Céline Benezeth) e outro no teclado e voz (Marco Pereira), criando sons diferentes, melodias ricas, sobrepondo áudio em cima de áudio enquanto as delirantes imagens dos curtas nos hipnotizavam. Parabéns pros caras e pra quem teve a idéia de levá-los a Ouro Preto.
Melhor show - Falcatrua tocando Tim Maia. Primeiro as críticas: fazer um show só com Tim Maia já é meio caminho andado pra entreter o público. O mérito principal, nesse caso, é do finado soul man carioca. O cd, idealizado por Nélson Motta e produzido pelo John do Pato Fu, soa mais como uma forma de lucrar sobre um repertório difícil de estragar. Sem falar que a CineOP careceu de shows realmente bons para comparar. MAS! Pelo menos ao vivo, as versões ficaram realmente legais. As adições de Glauco Nastácia na bateria e, principalmente, de Gleison Túlio na guitarra deram uma cara nova e um feeling especial às canções. Gleison Túlio, na verdade, se sustenta sozinho: sua versão para "Rational Culture" só com guitarras sobre guitarras mata a pau.
Prêmio Dr. Manhattan de Onipresença - Esse é dividido. Em qualquer lugar que a gente fosse em Ouro Preto, dava de cara com um desses três: Rafael Ciccarini, que foi meu professor na Escola Livre de Cinema e é editor da Filmes Polvo; Tutti Maravilha, radialista da Inconfidência há uns cento e cinqüenta anos; e a onipresente-mor, homenageada da CineOP que aparecia nas telas, nos painéis e até no meio da rua: Zezé Motta. Falei tanto dela que, quando a TV Mostra a entrevistou para a edição especial de encerramento, eu apareci lá no fundo também.
Troféu Milli Vanilli de Fraude Sonora - DJ Roger Moore. Segundo a programação, ele tocaria o melhor da música brasileira dos anos 70. Chegou na hora, só colocou o pior da música internacional dos anos 2000. Ou o Snoopy Dog era colega do Simonal e eu não sabia?
Prêmio Irmãos Wright para o vôo que não aconteceu - Vai para a pipa que iria protagonizar nosso curta improvisado, na tarde de segunda-feira. Reunimos um grupo duns cinco, fomos para o Morro da Forca munidos de uma pipa, preparamos alguns poemas para dar um ar mais experimental, cult e pseudo-intelectual, mas na hora agá a pipa não voou. Foi devidamente pisoteada e desmembrada, por ter se recusado a colaborar. Pelo menos recitamos os poemas para a câmera. Trecho do meu:
Pipas, ó pipas
Contemplar o seu vôo
Me dá um enjôo
Embrulha-me as tripas
Contemplar o seu vôo
Me dá um enjôo
Embrulha-me as tripas
Troféu Malba Tahan de Sanduíche Mal Calculado - Cheguei numa padaria da Praça Tiradentes e pedi um misto quente. O cara me falou que não tinha queijo. Eu: não tem problema, pode ser só com presunto mesmo. Ele: só que é apresuntado. Eu, desanimado: pode ser, mas já que não tem queijo, capricha. Ele: pãozim de forma ou pãozim de sal? Escolhi o de sal e fiquei lá sentado, aguardando o resultado. Eis que, hesitante, ele alerta: acho que exagerei no apresuntado. Ele tinha caprichado tanto, e ainda colocado umas cinco fatias de tomate não solicitadas, que o pão era só uma mancha perdida num mar de apresuntados escorrendo pelos lados, de fazer inveja em um toscoburguer. Foi o primeiro misto quente que comi de garfo e faca, e ainda sobrou.
Troféu Pedra de Rosetta de Caligrafia Mais Indecifrável - Vai para o Bigode, instrutor da nossa oficina. Ele copiou a sentença de Tiradentes num pedaço de papel para o Paulo Augusto ler, e ninguém conseguia traduzir o que estava escrito. Foi preciso que voltassem ao Museu e pedissem uma cópia digitada para que sanássemos nossas dúvidas. Depois comprei um livro com a biografia do Bigode (Luiz Carlos Lacerda, de Alfredo Sternheim, para a Coleção Aplauso) e pedi para ele autografar, mas com menos de dez minutos consegui decifrar a dedicatória toda.
Música-tema da CineOP - São várias as candidatas: "Todos Estão Surdos", do Robertão ("Mas meu amigo, volte logo..."), "Rational Culture" do Tim Maia ("We are gonna rule the world, don't you know, don't you know") e até as marchinhas histórico-carnavalescas do Tião do Doce. Mas o grande prêmio - em homenagem, claro, a Zezé Motta - vai para Xica da Xica da Xica da Xica da Silva.
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