19/10/2015

Soneto do outono alemão


Adeus, dias tórridos de perder o sono 
Auf wiedersehen, chopes da Oktoberfest 
Se aí no Brasil o calor é inconteste, 
Berlim já mergulha, implacável, no outono 

Calçadas viraram tapetes folhosos 
Termômetros marcam um dígito só 
Quando, no Skype, contar à minha avó, 
Prevejo suspiros e risos nervosos 

Pior não são os fins de semana de chuva 
Ou ter que comprar gorro, casaco, luva 
Pois isso se arruma em qualquer loja online 

Ruim mesmo é o breu: chega manso, sem alarde 
De repente é noite. Às quatro da tarde. 
Ao menos, um alívio: logo é tempo de Glühwein


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Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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