Música com vassoura e pá
Viena exala música. Também, o que esperar de uma cidade que já abrigou, empregou e inspirou caras como Mozart, Beethoven, Schubert, Haydn, Brahms e trocentos membros da família Strauss — sem esquecer de Falco, mente e voz por trás de "Amadeus, Amadeus, Amadeus… ô ô ô Amadeus"?
A música clássica está presente em todos os cantos, principalmente os turísticos. Lojinhas de souvenir comercializam chaveiros, ímãs de geladeira e garrafas de licor no formato de instrumentos musicais, e até os patos de borracha usam peruca branca cacheada e tocam violino. O turista pode visitar as antigas residências de Wolfgang Amadeus Mozart e Joseph Haydn, e concertos de preços variados oferecem os greatest hits dos compositores mais famosos quase que diariamente.
Mas há de se admirar a engenhosidade daqueles que carecem de fama e grana, mas não de talento. E um grande barato de Viena é topar com músicos de rua sem poder aquisitivo para empunhar uma Gibson — que dirá um Stradivarius —, mas cheios de ideias mirabolantes que acabam fascinando mais do que se tivessem seguido caminhos convencionais. Como um quinteto que usava apenas as cordas vocais para mandar clássicos como "Ah ba ba ba, ba Barbara Ann…" a cappella.
Ou a dupla que transformou dois inconspícuos utensílios — uma vassoura e uma pá — em guitarra e baixo. A vassoura (guissoura?) tinha apenas uma corda, mais do que suficiente para que o músico dedilhasse seu improviso à vontade, enquanto o baixo (paixo?) trazia três cordas disputando espaço no cabo. A gambiarra rendeu um som bastante decente para o blues apresentado na calçada aos atônitos transeuntes, e pareceu também dar certo em termos monetários: a toda hora chegava outra moeda no chapéu posicionado em frente aos dois.
Ou a dupla que transformou dois inconspícuos utensílios — uma vassoura e uma pá — em guitarra e baixo. A vassoura (guissoura?) tinha apenas uma corda, mais do que suficiente para que o músico dedilhasse seu improviso à vontade, enquanto o baixo (paixo?) trazia três cordas disputando espaço no cabo. A gambiarra rendeu um som bastante decente para o blues apresentado na calçada aos atônitos transeuntes, e pareceu também dar certo em termos monetários: a toda hora chegava outra moeda no chapéu posicionado em frente aos dois.
Tentando (sem sucesso) descobrir o nome da dupla, esbarrei em outro vídeo com os caras, publicado no YouTube em 8 de novembro de 2014 — exatamente uma semana antes da visita a Viena em que registrei o vídeo acima. E não é que eles estão tocando a mesmíssima coisa?
Fica a sugestão de expandirem o repertório: a música brasileira, por exemplo, oferece ótimas opções para se tocar com uma corda só ("Um Bilhete Pra Didi", dos Novos Baianos, ou mesmo o manjado "Brasileirinho"). Pra não falar em canções tematicamente apropriadas, como o frevo centenário "Vassourinhas".
Mas inesquecível, de verdade, seria ver a dupla vienense caprichando numa versão instrumental do Molejão: "Diga aonde você vai, que eu vou varrendo…"
Fica a sugestão de expandirem o repertório: a música brasileira, por exemplo, oferece ótimas opções para se tocar com uma corda só ("Um Bilhete Pra Didi", dos Novos Baianos, ou mesmo o manjado "Brasileirinho"). Pra não falar em canções tematicamente apropriadas, como o frevo centenário "Vassourinhas".
Mas inesquecível, de verdade, seria ver a dupla vienense caprichando numa versão instrumental do Molejão: "Diga aonde você vai, que eu vou varrendo…"
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