13/01/2005

D'oh!



Essa semana consegui, finalmente, terminar esse Os Simpsons e a Filosofia. Demorei bastante, admito. Bastante mesmo - afinal, comprei o livro em julho do ano passado. Minha leitura foi meio aos trancos e barrancos, mas como não é um romance linear, e sim uma série de artigos de autores diversos, sem relação direta entre si, não fazia muita diferença se eu ficava meses sem pegar no livro.

São exatamente dezoito artigos com assuntos distintos. Vão desde comparações entre Homer Simpson e Aristóteles até uma lista de alusões artísticas feitas no desenho. Alguns examinam episódios específicos, como aquele em que a pequena Maggie dá um tiro no Sr. Burns. Outros são mais genéricos e tratam dos personagens como um todo . O pronlema é que, como são vários e vários autores diferentes, o livro torna-se um tanto irregular: alguns enchem seus textos de piadinhas, outros são mais sérios e teóricos, e há ainda aqueles que se limitam a resumir os pensamentos de certos filósofos e só lembram de fazer alguma citação aos Simpsons no final do ensaio. E como são resumos bem superficiais, quem não está familiarizado com o assunto fica confuso às vezes. Eu mesmo tive uma certa dificuldade com a árvore de Heidegger, seja lá o que isso for.

Como um apreciador da arte mais do que da filosofia, gostei menos dos ensaios sobre teóricos específicos, como Kant e Nietzsche, e mais daqueles que falam da série em geral e suas implicações culturais, como o intitulado "A função da ficção: o valor heurístico de Homer", que tenta responder à pergunta que não quer calar: pra quê assistir a um desenho com um careca, uma mulher de cabelo azul e seus três filhos amarelos? E responde, de uma maneira satisfatória até.

Não se trata, no entanto, de uma obra que vá elogiar a série como um fã faria. A maioria dos autores não tem pudor em criticar Homer e Bart, e nem Ned Flanders, o religioso fervoroso vizinho dos Simpsons, escapa às bordoadas filosóficas. Há um texto inclusive que, escrito sob a luz do marxismo, desce a lenha no desenho, terminando com a frase: "As piadas podem ser engraçadas, mas em Os Simpsons, onde ninguém cresce e a vida nunca progride, a risada não é um catalisador para mudanças; é um ópio". Ópio ou não, é um dos melhores programas de TV de todos os tempos. Já o livro é legal e contém muitas boas idéias. Se tivessem feito uma tradução menos às pressas e se alguns ensaios recebessem uma boa revisão de seus autores, poderia ser melhor. D'oh!

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Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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