Hocus Pocus - Tributo a George Harrison
Lá fora, São Pedro confundia Beagá com Macondo e despejava o céu sobre nossas cabeças, e assim continuou madrugada adentro e manhã afora. Mas a platéia pequena que eu esperava encontrar não estava tão vazia assim - embora não lotasse como merecido.
No palco, aos cinco da banda iam somando-se convidados diversos, principiando por um percussionista, passando pela colaboração de um tecladista adicional em "Piggies", a entrada de Sânzio (guitarrista do Cálix) na segunda parte e culminando no Coral Sesiminas que deu vida aos backing vocals das duas músicas finais.
Primeira parte: o beatle George. Boa parte da produção harrisoniana de sessenta e poucos a sessenta e tantos foi reproduzida com competência pelo quinteto, em ordem mais ou menos cronológica. Estavam lá as canções do começo da carreira, que conseguiam ser mais bobinhas que as de seus comparsas de banda; os vigorosos roquenróis da fase conceito A sem ressalvas, com destaque para "Taxman" e "I Me Mine"; e as obras-primas que enriquecem o Álbum Branco e o Abbey Road.
O sol lá vem, a guitarra chora e a banda sai de cena.
Pausa.
A banda volta, de figurino indiano, adereços orientais e incensos acesos. Segunda parte: o místico George. Não por acaso, metade do repertório provém do All Things Must Pass, sendo igualmente notável a execução de "Give Me Love". Gran-finale: "My Sweet Lord", como manda o protocolo e o bom senso. O Coral, eclético nas caras e idades, faz bonito com os vocais religiosos - e se a maioria cantava "Hallelujah" e "Hare Krishna" sem tropeços maiores, era visível a dificuldade de outra parte na pronúncia nomes como "Gurur Vishnu" e "Tasmayi Shree".
O bis me decepcionou um pouco, admito. Não que uma cover de Carl Perkins e uma repetição de "Give Me Love" possam ser classificadas de ruins, mas ausências sentidas como "Dark Horse" e "What is Life" mereciam uma inclusão na hora do mais um.
Pensando bem, de ausências sentidas foi um dia cheio.
Será que dia 8 rola uma homenagem pro John?