Bits e átomos
Onze de novembro de dois mil e oito vai ficar marcado como o dia em que troquei de celular. Sim, meu pré-histórico Nokia 5120 foi substituído após dez longos anos de uso. Não que tenha estragado. Ainda funciona bem, e o sinal às vezes é melhor do que muitos modelos modernosos. Só que a bateria, já capenga, não dura uma ligação inteira mais. Daí não teve jeito: tive que ceder ao século XXI.
Tenho consciência de que nunca mais vou ter um celular que durará dez anos. Nem cinco - hoje em dia as coisas pifam com dois ou três e olhe lá. É o imediatismo contemporâneo: antigamente se comprava um disco com muito custo e ele durava uma eternidade; hoje você baixa um álbum em dez minutos, mas aperta um botão e ele some pra sempre. O que vem fácil, vai fácil. Que o diga meu HD de 80 giga, que foi pro saco em setembro por razões misteriosas. Datilografasse eu direto em Olivettis e papéis Chamex, não teria perdido quase todos os textos que escrevi no ano. Ok, eu poderia ter impresso tudo, mas isso só comprova a tese da fragilidade do mundo digital. Um arranhão e lá se foram os vídeos de aniversários e casamentos que você passou de VHS pra DVD. Um raio e suas fotos acumuladas no computador, que você estava esperando juntar pra revelar tudo de uma vez, nunca mais serão vistas por ninguém. Daqui a duzentos anos, os arqueólogos em busca de relíquias do passado encontrarão negativos Kodak, vinis de Simon & Garfunkel, fichas de orelhão e joysticks de Super Nintendo, e concluirão que o tempo não passou - quando, na verdade, passou foi rápido demais. E do fundo da pilha de escombros ainda se ouvirá, baixinho, o Jolly Fellow monofônico vindo de um 5120, e os arqueólogos comentarão, saudosos de uma época que não viveram: isso é que era celular.
Tenho consciência de que nunca mais vou ter um celular que durará dez anos. Nem cinco - hoje em dia as coisas pifam com dois ou três e olhe lá. É o imediatismo contemporâneo: antigamente se comprava um disco com muito custo e ele durava uma eternidade; hoje você baixa um álbum em dez minutos, mas aperta um botão e ele some pra sempre. O que vem fácil, vai fácil. Que o diga meu HD de 80 giga, que foi pro saco em setembro por razões misteriosas. Datilografasse eu direto em Olivettis e papéis Chamex, não teria perdido quase todos os textos que escrevi no ano. Ok, eu poderia ter impresso tudo, mas isso só comprova a tese da fragilidade do mundo digital. Um arranhão e lá se foram os vídeos de aniversários e casamentos que você passou de VHS pra DVD. Um raio e suas fotos acumuladas no computador, que você estava esperando juntar pra revelar tudo de uma vez, nunca mais serão vistas por ninguém. Daqui a duzentos anos, os arqueólogos em busca de relíquias do passado encontrarão negativos Kodak, vinis de Simon & Garfunkel, fichas de orelhão e joysticks de Super Nintendo, e concluirão que o tempo não passou - quando, na verdade, passou foi rápido demais. E do fundo da pilha de escombros ainda se ouvirá, baixinho, o Jolly Fellow monofônico vindo de um 5120, e os arqueólogos comentarão, saudosos de uma época que não viveram: isso é que era celular.
celular , crônicas , memórias , tecnologia
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