17/07/2010

Xi'an, parte 2 – Trem bão, albergue também

 

O trem 

O Brasil bem que podia ter um sistema ferroviário decente. Do tipo pegar um trem no centro de Belo Horizonte e desembarcar no centro do Rio de Janeiro quatro horas depois, sem enfrentar longos trajetos até um aeroporto ou motoristas pilotando um ônibus loucamente. Menos trânsito, mais conforto. 

Depois do engarrafamento monstruoso que peguei voltando da Mongólia Interior – absurdas vinte e uma horas, quando deveríamos levar seis –, decidi optar pelo trem na viagem a Xi'an. Os bilhetes variam muito: você pode fazer a viagem deitado, sentado, de pé, pagando de acordo. Um amigo meu, uma vez, não achou bilhetes disponíveis para bancos ou camas e teve que encarar 14 horas num trem lotado sem poder sentar nem levantar o pé, senão não achava espaço pra pisar de novo. 

Como nosso trem era noturno, melhor garantir um conforto durante as doze horas de viagem. Compramos bilhete para o vagão-leito e não nos arrependemos. Caminha confortável, com espaço suficiente para cabeça, ombro, joelho e pé, travesseiro, cobertor e até abajur. Cada vagão tem dois beliches, e além de nós havia dois chineses, olha a coincidência, da Mongólia Interior. Se tem vagão-restaurante, se a paisagem era bela, se os mongóis roncavam, eu não sei. Tomei um dramin e apaguei, acordando quando já estávamos chegando em Xi'an. 

 
Cara de sono depois de doze horas de trem 

O albergue 

Sou um defensor ferrenho dos albergues. Hotéis são impessoais, caros e você invariavelmente sai chateado com alguma coisa, o café-da-manhã que não era o que você esperava, o wi-fi que não funciona. Albergue é barato e é um barato, dá pra conhecer viajantes do mundo inteiro, a atmosfera é viva, e se por um azar da vida for tudo ruim, pelo menos o bolso não dói. 

 

Já fiquei em albergues de todo tipo, mas nenhum na China, até então. O que esperar de um albergue chinês? Segui a recomendação do meu amigo belga e escolhi o Shuyuan Hostel, que acabou sendo uma boa pedida. Enumerando: 

1.Buscaram a gente de van na estação de trem, sem custo adicional 
2.Quarto com duas camas por um preço camarada (nada de ouvir roncos alheios ou dividir banheiro com um batalhão) 
3.Boa localização, colado no portão sul da Muralha da Cidade e a uma distância andável até o centro e o Bairro Muçulmano 
4.Computadores com internet grátis 
5.Um vale-cerveja por pessoa na hora do check-in (a pinóia da minha dor de garganta me impediu de desfrutar a birita) 
6.Um café/restaurante com um cardápio variado, uma porção de livros pra folhear e um simpático labrador que às vezes dava as caras 
7.Um bar no subsolo decorado com guerreiros de terracota (morra, dor de garganta!) 
8.No dia de ir embora estava chovendo adoidado e eles deram uma carona de van até a estação. 

 
Chinês de raiz, só mesmo o abajur 

 
Esse cachorro late em chinês 

 
O que é mais inusitado, um guerreiro cubista ou a Madonna mandando beijinho? 

 
The Terracotta Warriors daria um bom nome de banda, não? 

 
O café do albergue, repleto de cartazes desenhados pelos próprios hóspedes. Tem até Brasil aí no meio. 

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Quem

Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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