21/07/2010

Xi'an, parte 3 – O Bairro Muçulmano

 

 

Ao contrário do que imagina o Ocidente, chinês não é tudo igual. O país conta com mais de cinqüenta grupos étnicos diferentes, cada um com suas crenças, costumes, caras e bocas. Um amazonense e um gaúcho têm bem mais em comum do que um chinês Han e um Uygur: não apenas carregam traços bem diferentes, como falam línguas distintas e têm hábitos diversos. 

Xi'an é um bom exemplo dessa sino-diversidade. No coração da cidade há um bairro muçulmano com chineses que rezam para Alá e chinesas vestindo longos véus. Não sei se chamar de "bairro" é o mais correto: o nome em inglês é "Muslim Quarter" e, na prática, o lugar é uma grande rua cercada por ruelas. Que seja. Bairro ou quarteirão, é uma Arábia chinesa inusitada com todos os cheiros, os tecidos, os temperos e lojinhas que se esperaria de um pedaço do Oriente Médio. 

 
Entrada da rua/quarteirão/bairro/avenida muçulmana 

O diacho é que a danada da dor-de-garganta não me permitiu provar quase nenhuma das comidas que queria. Eu curto cozinha árabe. Tá no sangue: a monocelha e o narigão não me deixam mentir. Um dos meus restaurantes prediletos na região onde moro é o restaurante muçulmano da BLCU, que vende pães árabes, espetinhos de cordeiro e quitutes do tipo. Foi uma pena, logo na área muçulmana de Xi'an, não conseguir dar mais que umas mordidas no pão árabe vendido nas ruas. Paciência. 

 
Não pude nem provar desse pezinho... 

 

Vai aí uma paçoca? 

A rua/quarteirão/bairro muçulmano abriga a Grande Mesquita, uma das maiores da China, e das mais antigas - já são mil, duzentos e sessenta e oito anos nas costas! É meio difícil de achar: você vai andando por um beco aqui e outro ali, até topar ao acaso com uma entradinha que esconde uma área de 13 mil metros quadrados, cheios de jardinzões e jardinzinhos, salões que permitem a entrada de visitantes e outros onde só entra quem for muçulmano de carteirinha. 

 
Bilheteria da Grande Mesquita: árabe, chinês, inglês e o precinho pouco camarada. 


 

 

 
Lojinha na entrada da Mesquita. 

 

Lojinha da Mesquita: não tem desculpa pra não cobrir o cabelo. 

Gostei da tranqüilidade do lugar: bom pra passear sem o empurra-empurra da turistada, como costuma acontecer. Tirando a menina que me abordou para responder uma pesquisa que me levou uns dez minutos: mesmo tendo acabado de chegar em Xi'an, tive que dar nota pra cada atração turística da cidade, assinalar quais adjetivos a descreviam melhor ("adorável", "agitada", "interessante", "barulhenta", coisas do tipo) e ainda desenhar um mapa de Xi'an de acordo com minha percepção (?!). Como agradecimento pela boa-vontade, ela me presenteou com um badulaque avulso. 

 
Ela podia ter me dado uma dessas pipas supimpas aí... 

 
Não é mole ser estátua. 

 

Vendedor que é vendedor tem que experimentar o produto. 


 

Nesse mundarão de placas, fica a pergunta: porque pintaram de azul o bonequinho-faxineiro? 

 

Hein? 

No próximo post: eles, os guerreiros de terracota! 

0 comments :

Postar um comentário

Quem

Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

Busca no blog

Leia

Leia
Cinema-Múndi: Uma viagem pelo planeta através da sétima arte

Leia também

Leia também
A Saga de Tião - Edição Completa

Ouça

Ouça
Sifonics & Lucas Paio - A Terra é Plana

Mais lidos

Leia também


Cinema por quem entende mais de mesa de bar

Crônicas de um mineiro na China


Uma história parcialmente non-sense escrita por Lucas Paio e Daniel de Pinho

Arquivo

Contato

Nome

E-mail *

Mensagem *