Filmes de Dois Mil e Dôuze - Parte 10
Finzim de fevereiro e comecim de março:
AMANHÃ NUNCA MAIS (Brasil, 2011, dir. Tadeu Jungle)
A premissa é simples: Lázaro Ramos é um anestesista sempre ocupado que precisa levar um bolo de aniversário para a filha no trânsito caótico de São Paulo. O início do filme é construído quase como um videoclipe, com imagens ritmadas que apresentam o personagem de Ramos e sua situação familiar. Quando começa sua jornada pela cidade, a coisa fica mais irregular, principalmente porque os coadjuvantes são muito díspares, e vários deles (como a velhinha gagá, o traveco e as senhorinhas no casamento) soam absurdos demais para funcionar. Mas a atuação de Lázaro Ramos, com sua passividade que dá uma reviravolta no final, e alguns peças-raras, como seu colega desbocado vivido por Milhem Cortaz, valem o filme. Nota 3/5
MILLENNIUM - OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES (The Girl with the Dragon Tattoo, EUA/Suécia/Reino Unido/Alemanha, 2011, dir. David Fincher)
Em geral, é um filme melhor que a adaptação sueca de 2009. Mas não tããão melhor assim pra justificar assistir de novo à mesma história, se você já viu a outra versão. As melhores cenas são aquelas protagonizadas por Lisbeth Salander – mas essas já eram as melhores cenas do filme sueco, e se Rooney Mara é uma Lisbeth bem eficiente, Noomi Rampace também era. O roteiro enxuga o texto palavroso do filme e livro originais, usando recursos mais visuais que disfarçam o excesso de personagens e backgrounds que somos obrigados a conhecer pra entender a trama. Mas não consegue esconder que, embora tão detalhista, a história não é lá grandes coisas. E lá vou eu reclamar da mesma coisa de novo: pra que manter a ambientação na Suécia e colocar não só os personagens conversando em inglês, como a maioria dos textos impressos também na língua de Hollywood? Nota 3/5
AMOR SEM ESCALAS (Up in the Air, EUA, 2009, dir. Jason Reitman)
Disfarçado de comédia romântica e por trás de seus vários momentos divertidos, há um filme quase melancólico, que lida com rejeição, desconexão emocional, rumos da vida. George Clooney é uma variação de seu personagem de O Amor Custa Caro, não faltando nem a cena em que ele abandona uma palestra por não acreditar mais no que prega. A montagem ilustra bem seu completo domínio dos procedimentos de viagens, criando seqüências ritmadas em que ele faz as malas, chega ao aeroporto, faz o check-in, tudo coreografado. Anna Kendrick é competente como a jovem executiva que tenta mostrar como é segura de si ("I type with purpose."), embora no fundo seja uma pós-adolescente de terninho. Vera Farmiga é tanto "um George Clooney com vagina" (em suas próprias palavras) como uma Anna Kendrick mais experiente e menos ingênua. O final, maduro, é a cereja do bolo. Nota 4/5
ARTHUR - O MILIONÁRIO SEDUTOR (Arthur, EUA, 1981, dir. Steve Gordon)
Já assisti a este filme pelo menos umas dez vezes desde 2005. E ainda que hoje eu enxergue alguns probleminhas que não via antes, como planos longos e burocráticos que provavelmente só tinham a intenção de deixar os atores improvisarem, Arthur permanece um filme "do coração". Todos os personagens, do motorista Bitterman até o pai da personagem de Liza Minelli, têm seus grandes momentos, com destaque para o eloqüente mordomo Hobson e sua relação paternal com o crianção bêbado Arthur Bach. Recentemente lançaram um remake de Arthur protagonizado por Russell Brand, um sujeito que não suporto. Eu tinha até a intenção de conferir, mas vi um clipe do filme na internet e me deu vontade de vomitar. Não aceite imitações. Nota 5/5
O HOMEM QUE NÃO ESTAVA LÁ (The Man Who Wasn't There, EUA/Reino Unido, 2001, dir. Joel & Ethan Coen)
Este é notoriamente o único filme preto-e-branco dos irmãos Coen, mas quando coloquei o dvd... estava colorido! Bizarro mas explicável: ele foi fotografado em cores e convertido em p&b na pós-produção. Em alguns mercados, porém, com receio de um fiasco nas bilheterias, lançaram a versão colorida; a cópia a que assisti era uma dessas. Sem problemas: usei o VLC Player e mudei pra p&b manualmente. O Homem Que Não Estava Lá homenageia os filmes noir daquele jeito coeniano, distorcendo tudo: o protagonista, por exemplo, não é um detetive ou investigador, mas um cabeleireiro (Billy Bob Thornton, que não sorri uma só vez). Há muitas reviravoltas, rimas visuais (os cortes de cabelo que abrem e encerram o filme) e personagens mais contidos do que de costume na obra dos irmãos, além da habitual fotografia primorosa, que aqui se esbalda com o preto-e-branco, luzes entrando por frestas e planos onde a claridade é mais importante que as sombras. E com isso completo a filmografia dos Coen – pelo menos até lançarem o próximo. Nota 4/5
AMANHÃ NUNCA MAIS (Brasil, 2011, dir. Tadeu Jungle)
A premissa é simples: Lázaro Ramos é um anestesista sempre ocupado que precisa levar um bolo de aniversário para a filha no trânsito caótico de São Paulo. O início do filme é construído quase como um videoclipe, com imagens ritmadas que apresentam o personagem de Ramos e sua situação familiar. Quando começa sua jornada pela cidade, a coisa fica mais irregular, principalmente porque os coadjuvantes são muito díspares, e vários deles (como a velhinha gagá, o traveco e as senhorinhas no casamento) soam absurdos demais para funcionar. Mas a atuação de Lázaro Ramos, com sua passividade que dá uma reviravolta no final, e alguns peças-raras, como seu colega desbocado vivido por Milhem Cortaz, valem o filme. Nota 3/5
MILLENNIUM - OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES (The Girl with the Dragon Tattoo, EUA/Suécia/Reino Unido/Alemanha, 2011, dir. David Fincher)
Em geral, é um filme melhor que a adaptação sueca de 2009. Mas não tããão melhor assim pra justificar assistir de novo à mesma história, se você já viu a outra versão. As melhores cenas são aquelas protagonizadas por Lisbeth Salander – mas essas já eram as melhores cenas do filme sueco, e se Rooney Mara é uma Lisbeth bem eficiente, Noomi Rampace também era. O roteiro enxuga o texto palavroso do filme e livro originais, usando recursos mais visuais que disfarçam o excesso de personagens e backgrounds que somos obrigados a conhecer pra entender a trama. Mas não consegue esconder que, embora tão detalhista, a história não é lá grandes coisas. E lá vou eu reclamar da mesma coisa de novo: pra que manter a ambientação na Suécia e colocar não só os personagens conversando em inglês, como a maioria dos textos impressos também na língua de Hollywood? Nota 3/5
AMOR SEM ESCALAS (Up in the Air, EUA, 2009, dir. Jason Reitman)
Disfarçado de comédia romântica e por trás de seus vários momentos divertidos, há um filme quase melancólico, que lida com rejeição, desconexão emocional, rumos da vida. George Clooney é uma variação de seu personagem de O Amor Custa Caro, não faltando nem a cena em que ele abandona uma palestra por não acreditar mais no que prega. A montagem ilustra bem seu completo domínio dos procedimentos de viagens, criando seqüências ritmadas em que ele faz as malas, chega ao aeroporto, faz o check-in, tudo coreografado. Anna Kendrick é competente como a jovem executiva que tenta mostrar como é segura de si ("I type with purpose."), embora no fundo seja uma pós-adolescente de terninho. Vera Farmiga é tanto "um George Clooney com vagina" (em suas próprias palavras) como uma Anna Kendrick mais experiente e menos ingênua. O final, maduro, é a cereja do bolo. Nota 4/5
ARTHUR - O MILIONÁRIO SEDUTOR (Arthur, EUA, 1981, dir. Steve Gordon)
Já assisti a este filme pelo menos umas dez vezes desde 2005. E ainda que hoje eu enxergue alguns probleminhas que não via antes, como planos longos e burocráticos que provavelmente só tinham a intenção de deixar os atores improvisarem, Arthur permanece um filme "do coração". Todos os personagens, do motorista Bitterman até o pai da personagem de Liza Minelli, têm seus grandes momentos, com destaque para o eloqüente mordomo Hobson e sua relação paternal com o crianção bêbado Arthur Bach. Recentemente lançaram um remake de Arthur protagonizado por Russell Brand, um sujeito que não suporto. Eu tinha até a intenção de conferir, mas vi um clipe do filme na internet e me deu vontade de vomitar. Não aceite imitações. Nota 5/5
O HOMEM QUE NÃO ESTAVA LÁ (The Man Who Wasn't There, EUA/Reino Unido, 2001, dir. Joel & Ethan Coen)
Este é notoriamente o único filme preto-e-branco dos irmãos Coen, mas quando coloquei o dvd... estava colorido! Bizarro mas explicável: ele foi fotografado em cores e convertido em p&b na pós-produção. Em alguns mercados, porém, com receio de um fiasco nas bilheterias, lançaram a versão colorida; a cópia a que assisti era uma dessas. Sem problemas: usei o VLC Player e mudei pra p&b manualmente. O Homem Que Não Estava Lá homenageia os filmes noir daquele jeito coeniano, distorcendo tudo: o protagonista, por exemplo, não é um detetive ou investigador, mas um cabeleireiro (Billy Bob Thornton, que não sorri uma só vez). Há muitas reviravoltas, rimas visuais (os cortes de cabelo que abrem e encerram o filme) e personagens mais contidos do que de costume na obra dos irmãos, além da habitual fotografia primorosa, que aqui se esbalda com o preto-e-branco, luzes entrando por frestas e planos onde a claridade é mais importante que as sombras. E com isso completo a filmografia dos Coen – pelo menos até lançarem o próximo. Nota 4/5
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