29/11/2005

Las hay



A sessão era domingo às 9 da noite, e ainda assim tivemos que chegar à fila com uma hora de antecedência e esperar a boa vontade do pessoal do Pátio em abrir a sala pra gente. Uma fauna comum para uma sessão noturna dominical, mas estranhamente maior de idade para um filme sobre um menino bruxo de 14 anos de idade. Ao meu lado, um casal lia A Cizânia, um dos melhores álbuns do Asterix. Um tanto contrastante com o público da primeira vez que fui ver um Harry Potter no cinema. Foi em novembro de 2001, quando estreou Harry Potter e a Pedra Filosofal. Na época eu tinha acabado de ler o livro, e achei o filme um trailer grande, que tentava dar ênfase às cenas de ação ou de magia sem se aprofundar em nada nos personagens. Até hoje não revi pra tentar tirar a má impressão. Na ocasião, o cinema estava lotado como esteve ontem, mas majoritariamente por criancinhas felizes acompanhadas de seus papais. O primeiro menino da fila usava uma capa preta como a do Harry. Desde então, tenho assistido a todos os filmes da série no cinema. Quando estávamos no terceiro ano, por exemplo, matamos aula e escapamos da escola para ver Harry Potter e a Câmara Secreta no BH Shopping. Quanta subversão.

Também não perdi um livro, desde que peguei o primeiro emprestado com minha prima. Os dois primeiros são, sim, bem destinados ao público infantil, com seus unicórnios e varinhas mágicas e filhotes de dragões e cachorros de vinte cabeças, mas a partir do terceiro volume, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (cujo título supostamente deu origem ao nome dessa banda), as tramas começam a ficar mais intrincadas e complexas. Algo como um Código da Vinci com retratos falantes no lugar da Mona Lisa. E, afinal, não é qualquer criança que se aventura a ler um calhamaço de 500 páginas.

Harry Potter e o Cálice de Fogo, a película, foi o episódio que mais me agradou até agora. É a melhor adaptação: competente e objetiva, lima muita gordura inútil (e essa história só perde em gordura inútil para o quinto episódio). Como filme em si, no entanto, nenhum Harry Potter se sustenta sozinho. Não como outros exemplos recentes, sendo a Trilogia do Anel a primeira e mais óbvia lembrança. Quem não leu os livros sai do cinema cheio de dúvidas sobre os detalhezinhos que o roteirista e o diretor preferiram passar batido, para dar mais destaque às seqüências de ação (muito boas, aliás) ou ao Baile de Inverno da escola (que por increça que parível, é muito boa também). Principalmente numa história como essa, repleta de revelações finais talvez não tão bombásticas quanto as do Shayamalan, porém mais complexas. No terceiro filme, fiquei especialmente frustrado com a tal cena das revelações, às quais o livro dedicava capítulos e capítulos, e que no filme vimos apenas uma pincelada. Não sei se é porque já faz quatro anos desde que li Cálice de Fogo, então só lembrava do essencial da história, e é o essencial que está ali nas telas, mas curti esse quarto episódio um pouco mais que os anteriores.

Top 4 Harry Potter 4:

>> Hermione. (Ei, ela já tem uns 15 anos!)
>> Mad-Eye Moody e seu olho que tudo vê.
>> As francesinhas de Beauxbatons, embora não tenhamos visto debaixo do braço delas.
>> Voldemort. Seguindo a tradição de Coringa e Darth Vader, o vilão do filme é mil vezes mais legal que o herói.

Bottom 4 Harry Potter 4:

>> Daniel Radcliffe (o personagem-título), cada vez atuando pior.
>> A quase insignificante participação de Sirius Black.
>> A falta de um jogo em si da Copa do Mundo de Quadribol.
>> O final "otimista até demais". Será que todo filme vai ser sempre assim?

0 comments :

Postar um comentário

Quem

Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

Busca no blog

Leia

Leia
Cinema-Múndi: Uma viagem pelo planeta através da sétima arte

Leia também

Leia também
A Saga de Tião - Edição Completa

Ouça

Ouça
Sifonics & Lucas Paio - A Terra é Plana

Mais lidos

Leia também


Cinema por quem entende mais de mesa de bar

Crônicas de um mineiro na China


Uma história parcialmente non-sense escrita por Lucas Paio e Daniel de Pinho

Arquivo

Contato

Nome

E-mail *

Mensagem *