Still alive
Dez minutos defronte a tevê, enquanto degustava um pastel da Galeria do Ouvidor, bastaram para que eu pudesse dar meu veredicto quanto à novíssima novela das oito: tosquíssima.
A Globo é o melhor canal da televisão porque consegue se superar a cada folhetim: quando a gente acha que não dá pra vir nada pior que Senhora do Destino, vem América, e logo depois esta Belíssima. Atores tremendamente ruins (principalmente os novatos), interpretações amadoras, tramas simplórias, sotaques forçadíssimos (Tony Ramos grego? Reinaldo Janequíne mecânico?) e a manjadíssima "Você É Linda" para o tema de abertura. A criatividade global para escolher os temas de aberturas é soberba: "Como Uma Onda", do Lulu Santos, para a novela Como Uma Onda. "Soy Loco Por Ti America" para America (detalhe: Ministro Gil escreveu a canção como uma homenagem à América Latina, e neguinho bota ela como se fosse pros EUA). Saudades de "Animal arisco... domesticado, esquece o risco" e "Sou desse chão, onde o rei é peão..."
Mas um crédito merece ser dado a Belíssima, que foi o de ter ressuscitado o Jamanta. Jamanta é um dos personagens mais clássicos do telenovelismo brasileiro. Quando você pensa em Torre de Babel, qual o personagem vem à mente? Jamanta, claro. Sandrinha só ficou famosa porque explodiu o shopping. Quando me disseram que o Jamanta tava na novela, fiquei surpreso porque não lembro de ter visto o ator que fazia ele em nenhum outro lugar. Mas até aquele momento tinha achado que só o ator estava no elenco. Só ontem meu primo veio me dizer que o próprio personagem, o lendário ícone do cenário underground novelístico, tinha voltado. Num mar de gente sem talento e histórias sem pompa, é o Jamanta que vai segurar as pontas de Belíssima até o último capítulo. Isso, claro, se Silvio de Abreu não fizer como faz sempre e matar um fulano qualquer pro público ficar na agonia do mistério até os derradeiros momentos. Só espero que não culpem o Jamanta.
Observação final: Silvio de Abreu me plagiou. Provas concretas no último parágrafo deste post, de março de 2005. E um viva à presunção.
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