23/11/2012

Filmes de Dois Mil e Dôuze - Parte 41


007 - PERMISSÃO PARA MATAR (Licence to Kill, Reino Unido/EUA, 1989, dir. John Glen)
Talvez seja o filme mais sério de James Bond, já começando com tragédia: a esposa de Felix Leiter (agente da CIA presente em diversos filmes da série, sempre com um ator diferente) é assassinada, Leiter é mordido por tubarões e Bond vai atrás de vingança pessoal. É um bom começo e o filme flui bem até a metade, mas depois se torna bem desinteressante; as duas bond girls, péssimas atrizes, também não ajudam em nada. Eu gostei de Timothy Dalton como Bond, mas esse seu segundo e derradeiro filme deixou bastante a desejar. Nota 2/5


007 CONTRA GOLDENEYE (GoldenEye, Reino Unido/EUA, 1995, dir. Martin Campbell)
Vi só uma vez quando tinha 12 anos e me lembrava bem de vários momentos, como Bond pulando atrás de um avião sem piloto na cena pré-créditos e a caneta que explode com 3 cliques. Este é o melhor Bond em muitos, muitos anos, não só pelas cenas de ação (tem uma ótima perseguição na Rússia com Bond dirigindo um tanque de guerra) mas pelo próprio roteiro, que brinca com as tradições dos filmes anteriores (como as famosas senhas e contra-senhas usadas quando dois agentes se encontram e o flerte entre Bond e a Moneypenny dos anos 90, que insinua que as cantadas dele poderiam ser qualificadas como assédio sexual), introduz a interessante relação entre Bond e a primeira M mulher ("Acho você um sexista misógino, um dinossauro da Guerra Fria") e guarda a revelação do verdadeiro vilão para o momento apropriado. Nota 4/5


DETONA RALPH (Wreck-It Ralph, EUA, 2012, dir. Rich Moore)
Em seu conceito, Detona Ralph é o primo digital de Toy Story: quando o fliperama fecha, os personagens dos videogames transitam livremente entre os jogos. Já a história lembra mais Shrek, com a crise de identidade do personagem-título, que está cansado de ser vilão. Cheio de detalhes e referências a games antigos, é um barato descobrir dentro de que jogo os vilões se reúnem para sua terapia em grupo, ou saber o que acontece quando Ryu e Ken terminam de lutar. A estética dos videogames também é bem explorada: no universo 8 bits de "Fix-it Felix", os personagens têm movimentos quase robóticos e até os fluidos são pixelados; o de "Hero's Duty" é realista, violento e ultrabarulhento e contrasta bastante com o adocicado e willy-wonkiano "Sugar Rush". É nesse último que passamos mais tempo, talvez pela tentação da Disney de aumentar seu panteão de princesas, e fica a vontade de ver muitos outros mundos (jogos de luta, RPG, pinball, Tetris, GTA...) – mas provavelmente já estão pensando nisso para as seqüências. No mais, Ralph é um anti-vilão carismático, o roteiro é redondinho (embora dê pra notar alguns furos envolvendo o tilt de Vanellope) e o filme é muito bem-sucedido em emular a experiência de se jogar videogame. Foi mal, Valente, mas este ano a Disney foi melhor que a Pixar. Nota 4/5


007 - O AMANHÃ NUNCA MORRE (Tomorrow Never Dies, Reino Unido/EUA, 1997, dir. Roger Spottiswoode)
Se GoldenEye deu uma revigorada em James Bond ao subverter algumas tradições da série, este aqui segue à risca a velha fórmula. O vilão Elliot Carver, apesar de "atualizado" com a roupagem de chefão da mídia, poderia ser membro da antiga SPECTRE – não falta nem a reunião em que cada um apresenta seu relatório de maldades ("Como solicitado, o novo software está cheio de bugs e vai forçar os usuários a baixar atualizações por anos"). O Amanhã Nunca Morre acaba sendo um filme de ação competente (a melhor cena envolve um carro guiado por controle remoto), mas que nunca se arrisca ou vai além. Nota 3/5


HELENO (Brasil, 2011, dir. José Henrique Fonseca)
Rodrigo Santoro é a alma do filme, um canalha carismático nos anos de glória, fraco e irreconhecível no período de decadência – e as constantes idas e vindas temporais ajudam a ampliar esse contraste. Histórias de sucesso e autodestruição existem aos montes por aí (e a bela fotografia em preto e branco de Heleno reforça a lembrança de Touro Indomável), mas isso não tira o mérito deste competente e triste estudo de personagem. Nota 4/5

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Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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