Filmes de Dois Mil e Dôuze - Parte 34
OS INCOMPREENDIDOS (Les Quatre Cents Coups, França, 1959, dir. François Truffaut)
Um estudo de personagem de um garoto que é detestado pelos professores e tem um relacionamento difícil com os pais; começa matando aula e termina na Febem francesa. A Nouvelle Vague nunca fez muita parte da minha formação de cinéfilo e, dos poucos que vi até hoje, gostei de todos, mas não colocaria nenhum na minha lista de favoritos. Truffaut me apatece mais que Godard, sem muitas invencionices estilísticas, filmando com uma mão mais leve. Preciso ver mais. Nota 4/5
POR UM PUNHADO DE DÓLARES (Per un Pugno di Dollari, Itália/Espanha/Alemanha Ocidental, 1964, dir. Sergio Leone)
Primeiro filme da Trilogia dos Dólares, traz Clint Eastwood com seus icônicos chapéu e poncho muito confortável no papel de bad-ass de ar tranqüilo. As cenas de tiroteio estão entre as mais cool dos faroestes: numa, Clint diz ao coveiro: “Prepare três caixões”, mata mais do que previa e retorna mostrando quatro dedos (“Me enganei.”); noutra, ele se torna à prova de balas da mesma maneira como Marty McFly faria décadas depois em De Volta Para o Futuro III. Tudo isso tem a assinatura inconfudível de Sergio Leone, que usa com primor todo o vocabulário cinematográfico de planos abertos, médios, closes; sem falar na trilha de Ennio Morricone (bizarramente creditado aqui como “Dan Savio”), que sempre cria temas-chiclete. Nota 4/5
O HOMEM DO FUTURO (Brasil, 2011, dir. Cláudio Torres)
Wagner Moura mata a pau interpretando não uma nem duas, mas três versões de seu personagem (“Papai?”). Seu João Zero é Marty, George McFly e Biff – arrasa no palco no baile da escola, é zoado em público, altera a linha temporal a seu próprio favor e até mesmo usa uma fantasia de astronauta que lembra muito a roupa anti-radiação usada por Michael J. Fox. A trilha é bem escolhida, brincando sempre com os temas do filme (“Tempo Perdido”, “Creep”, “It's the End of the World as We Know It”), os efeitos visuais são competentes e, principalmente, nós nos importamos com os personagens e aprendemos a gostar de cada um deles. O Brasil não tem muita tradição em filmes de gênero e é uma grata surpresa ver uma ficção científica-comédia-romântica tão divertida e bem bolada. Nota 4/5
MOONWALKER (EUA, 1988, dir. Jerry Kramer, Will Vinton, Jim Blashfield & Colin Chilvers)
É basicamente uma coleção de videoclipes, que individualmente são ótimos mas juntos não formam um filme nem a pau. Tem de tudo: versões ao vivo de “Man in the Mirror” e “Come Together”; uma retrospectiva da carreira de Michael desde os tempos de “ABC”; uma paródia do clipe de “Bad” só com crianças; uma historinha que se passa num mundo roger-rabbitiano cheio de bonecos cabeçudos em stop-motion (e que culmina na transformação de Michael num coelho e na subseqüente divisão das duas “entidades”); e o clipe-curta de “Smooth Criminal” que, apesar da participação de Joe Pesci como vilão, acaba se tornando um Pequenos Espiões meio chatinho. Como ator, aliás, Michael era um ótimo qualquer-outra-coisa. Nos créditos finais, a imagem da capa do álbum Bad (do ano anterior) não nos deixa enganar: Moonwalker é um comercial em longa-metragem. Nota 2/5
GATTACA - EXPERIÊNCIA GENÉTICA (Gattaca, EUA, 1997, dir. Andrew Niccol)
A premissa – num futuro onde a biogenética é extremamente desenvolvida, as pessoas escolhem as características de seus filhos antes do nascimento – é bem interessante e levanta diversas questões sobre a sociedade, o futuro da ciência, preconceito, predisposição genética e destino. O conceito da troca de identidade entre Ethan Hawke e Jude Law é bem explorado e é onde o filme mais acerta. Já a trama policial e o romance de Hawke com Uma Thurman decepcionam um pouco por tomarem mais tempo do que precisavam, quando o filme poderia se ocupar de questões mais audaciosas. De qualquer forma, Gattaca é um sci-fi intrigante e bem dirigido, e uma boa estréia para Andrew Niccol. Nota 3/5
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