11/11/2012

O Laos, esse desconhecido

 

Muitas pessoas sequer sabem que o Laos é um país. Não é de se admirar: ele raramente surge nos noticiários, nunca participou de uma Copa do Mundo nem ganhou uma medalha olímpica; você não ouve falar de gente que sai do Brasil só pra conhecer o Laos. Uma pena, porque é um lugar que merecia mais atenção e certamente vale uma visita – ou várias. Pra ninguém ficar boiando, vamos começar a série de posts sobre esse país injustamente desconhecido com quatro fatos rápidos: 

 

1. O Laos fica no Sudeste Asiático, não tem saída para o mar e está espremido no meio de vizinhos mais famosos e influentes: China em cima, Camboja embaixo, Tailândia de um lado, Vietnã do outro; 
2. Já foi reino, protetorado francês e é comunista desde 1975; 
3. É um país tropical, abençoado por Buda (70% da população é budista, apesar do governo comunista) e bonito por natureza – rios, florestas, montanhas e cachoeiras ocupam a maior parte do território; 
4. É o país mais bombardeado de todos os tempos: quando partes do Laos foram ocupadas por norte-vietnamitas durante a Guerra do Vietnã, choveu bomba dos Estados Unidos. 

 

Dada sua proximidade com outros destinos mais populares (é só atravessar o rio Mekong que você já está na Tailândia), é quase pecado passear pelo Sudeste Asiático e não dar um pulo no Laos. E, ao contrário do que o turista mais medroso possa pensar, é bem fácil se virar por lá. As cidades são pequenas – a maior é tão populosa quanto Palmas, no Tocantins – e você se locomove a pé, de bicicleta ou de tuk-tuk, aqueles triciclos motorizados onipresentes nessa parte do planeta. Monge e tuk-tuk é o que não falta no Laos. 

 
Como queríamos demonstrar. 

Você não precisa saber uma palavra da língua local – chamada "lao" –, mas não custa nada aprender duas para ser simpático: " sabaidee ", que serve para oi, bom dia, boa noite e tchau, e " kop chai ", que significa obrigado. Para um "muito obrigado" mais efusivo, diga " kop chai lai lai ", abrindo aquele sorriso e juntando as palmas das mãos. De resto, um inglês de quinta série resolve a maioria das situações – e mesmo assim ainda tem gente que abusa da falta de noção, como a alemã que estava com o marido em uma mesa próxima à nossa e perguntou ao pobre garçom: " Und in Euro? ". Ela não só queria pagar a conta em euro, como queria que o garçom soubesse alemão. 

 
Custava ter trocado dinheiro no aeroporto, minha filha? 
(A nota mais alta do Laos é de 50 mil kip e vale R$ 12. Como no Vietnã, é fácil ser multimilionário.) 

O Laos é um país que dorme cedo. E não exatamente porque faz bem pra pele: há um toque de recolher oficial, imposto pelo governo, que obriga todo mundo a voltar pra casa até a meia-noite. A grande maioria dos bares e restaurantes fecha às onze e meia, e quem desobedecer corre o risco de desembolsar uma nota preta como multa. Para os viajantes, é mais jogo passar num mercadinho, encher a sacola de Beerlao e beber no próprio hotel. Viajar pro Laos atrás de balada é como ir à Índia pra comer churrasco. 

Mas você se acostuma. Tudo faz parte do clima relax do lugar, que constrasta bastante com o fuzuê encontrado nos países vizinhos. Sair da China e ir pro Laos, então, é um alívio para os sentidos: não tem buzina, empurra-empurra, gente gritando em tudo que é lugar. Os laocianos sorriem e cumprimentam – não só aqueles que dependem dos turistas, nos hotéis e restaurantes, mas gente que tinha tudo pra ser carrancuda, como guardinhas vigiando a embaixada dos EUA e os fiscais que inspecionam os tuk-tuks na entrada do aeroporto. A simpatia do povo e a filosofia "no stress" estão entre os principais atrativos do Laos, mas estão longe de ser os únicos. Só que você vai ter que esperar os próximos posts. 

 
Sabaidee!


Publicado originalmente no Boca de Gafanhoto

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Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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