Conclusões do feriado
Conforto, bem-estar e luxo são conceitos meramente abstratos, que carecem de comparação e não podem nunca ser utilizados de forma absoluta, tipo: isso é confortável, isso não é.
Caminhar por uma estrada de terra carregando sacolas com comidas e bebidas, mochila, saco de dormir e violão, pode parecer algo extremamente tranqüilo, se meia hora depois você está carregando as mesmíssimas coisas numa mata fechada, com cipós te sacaneando e espinhos te rasgando a mão.
Montar barraca à noite, no meio do mato, catando galhos às cegas pra fazer fogueira, sem ter jeito de se comunicar com o mundo exterior a não ser por sinais de fumaça, pode causar um bem-estar tremendo se sua outra única alternativa é ficar à noite, no meio do mato, sem fogueira e sem teto.
Levantar assim que o sol aponta no céu, às cinco e meia da manhã, pode causar um alívio enorme, se você passou a noite com três outros caras numa barraca sem poder se mover, que dirá dormir.
Água da torneira pode ser uma bebida deliciosa quando a última água que você tomou veio do riacho e tinha gosto de capim.
Encontrar-se perdido numa estrada poeirenta, sem saber onde ela dá, pode te fazer realmente feliz, se há poucos minutos você estava no mato, cercado de mato por todos os lados, sem noção de que rumo tomar.
Passar duas horas no ponto esperando um ônibus pode ser o máximo em conforto, se nas duas horas e meia passadas você já atravessou rio a pé com violão na mão, já andou mata acima se apoiando em galhos podres, já morreu de calor debaixo do sol forte sem poder tirar o moletom pra evitar problemas com os cipós sacanas.
Pra quem esperava passar o feriado da cama pro banho, do banho pra sala, é bom ter história pra contar.
Ouvindo: Beatles, Run For Your Life.
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