A China que a gente ouve falar
A China permanece uma grande desconhecida para nós. Mesmo com Beijing dia e noite na TV durante as Olimpíadas, notícias aos milhares por toda a internet, feng shui pra cá, tai chi chuan pra lá, nossa tendência é generalizar e enfiar um bilhão de olhos-puxados no mesmo saco. Continuamos com a convicção de que todos os homens têm dentes podres e cara de bolacha, mulheres não têm peito nem bunda e que a única chinesa gostosa é a Chun-Li, mas essa não vale porque é de mentira. Comem de tudo: insetos, ratos, cobras, macaco, praia, jornal - e não passeie com o seu poodle perto deles, porque eles pegam e fritam. Os restaurantes são sujos, os cozinheiros só andam suados e sem camisa, cuspir no prato é regra de etiqueta. Eletroeletrônicos são de péssima qualidade, mas também, de que adianta ter um computador que presta se o governo não permite acessar o Twitter? A população é tão grande que se todos pulassem ao mesmo tempo, a Terra sairia do eixo. E não satisfeitos em terem o país mais cheio do mundo, ainda abrem uma filial em cada grande metrópole e chamam de Chinatown. Chinês é disciplinado. Chinês é submisso. Chinês tem bafo de esgoto. Chinês é sábio e imortal, a julgar pelo Pai Mei e o Lo-Pan dos Aventureiros do Bairro Proibido. Chinês é exagerado: sua Grande Muralha é a única construção humana que dá pra ver da Lua - embora, estranhamente, não seja muito nítida quando a gente dá zoom-out no Google Earth. Chinês começa a trabalhar desde criança, escravizado nas linhas de produção dos tênis Nike.
Tudo mito? Tudo verdade? Ou uma mistura nem tão radical, nem tão estereotipada, mas ainda exótica e instigante o bastante para ter muito o que falar a respeito?
Vai ser divertido descobrir. E também vai ser bem curioso desvendar a imagem que eles têm dos brasileiros.
Publicado originalmente no Boca de Gafanhoto
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