É fácil andar de metrô em Beijing?
Fácil pra cacete. Passei muito mais aperto em Berlim do que em Beijing, só pra ficar em cidades que rimam (Betim, até onde sei, ainda é só carroça e ônibus). Claro que um mapa da cidade, pra você saber onde está e resolver aonde quer ir, é de grande valia. Na entrada das estações tem um monte de terminais para comprar a passagem. Dá pra clicar em "English" se o mandarim não for o seu forte. Aí é só escolher a estação de destino, inserir a grana e tem-se um ticket novo em folha para usufruir as facilidades do transporte público pequinês.
Tanta modernidade tem um preço quase ridículo: 2 yuans, o equivalente a 53 centavos de real. São 8 linhas que cobrem boa parte da metrópole. Curiosamente elas não seguem uma lógica muito aritmética: linha 1, 2, 5, 8, 10, 13, Batong e Aeroporto. Mas pra quem tem toc e passa mal quando vê uma numeração faltando pedaço, as linhas 4, 6, 7, 9, 14 e 15 estão em construção (a 3, a 11 e a 12 permanecem um mistério). Agora, não sei se todas são de superfície, como a que eu peguei, ou tem também debaixo da terra. Ou será que eles deixaram o subsolo da cidade só para abrigos antiatômicos e correlatos?
Da estação Wudaokou até a Xizhimen, passando pela Zhichunlu e a Dazhongsi, rodei uns dez quilômetros em pé, mas sem a superlotação que eu tinha imaginado. (Talvez por ser um domingão, claro. Quando enfrentar a hora do rush chinesa eu conto como foi, se eu sair ileso). Bem mais trabalhoso foi descer do trem e tentar achar o zoológico munido apenas de mapa e do meu precário senso de direção. Sorte que chinês é o que não falta: me aproveitei da boa vontade de vários, fazendo cara de perdido, apontando no mapa onde queria ir e finalizando com um "xièxie" de gratidão.
Pior foi ontem, que saí sozinho de uma boate chamada "Propaganda", à uma da manhã, sem fazer idéia de como voltar pra casa. Sem o meu mapa e a boa vontade chinesa, eu estaria na rua até agora – porque a única estrangeira a quem pedi informação disse um "I don't know" apressado e saiu pela tangente, talvez com medo da minha cara de árabe. O negócio é perguntar pra chinesada mesmo, ainda que seu vocabulário seja como o meu, só oi, tchau e obrigado. Mapa e cara-de-pau: não ande na China sem eles.
Publicado originalmente no Boca de Gafanhoto
Beijing , Boca de Gafanhoto , China , metrô
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