11/12/2010

Perturbando os monges: uma visita ao Lama Temple

 

Você sabe que está chegando ao Lama Temple quando todas as lojinhas da rua passam a vender exclusivamente incenso. Faz sentido: lá dentro encontram-se queimadores de incenso quase tricentenários e Budas suficientes para atender todo tipo de pedidos. Durante o Festival da Primavera, hordas de chineses vão ali acender seus incensos e pedir sorte para o ano vindouro – mesmo aqueles que, nos doze meses seguintes, esquecem os preceitos budistas lá dentro do templo. 

 

O Lama Temple é o templo budista-tibetano mais famoso de Beijing, e talvez o mais importante fora do Tibete. Pra variar, seu nome em chinês passa longe da versão inglesa: “Yonghegong” significa “Palácio da Paz e Harmonia”. Ele já foi residência oficial de eunucos da corte, convertido no lar de um príncipe e depois num monastério. Apesar de aberto ao público já há algum tempo, ainda hoje cerca de 70 monges vivem no lugar. Tem que ter mesmo uma paciência budista pra agüentar tanto turista no seu monastério. 


"Chega, vamo dá o fora daqui." 

Numa visita ao Lama Temple você passa por cinco grandes salões. Cada um tem estátuas e decorações bem diferentes, misturando estilos de várias etnias chinesas, especialmente a han e a tibetana. O lugar é bem agradável e, se não é exatamente o poço de tranqüilidade que se espera de um templo budista, também não costuma ficar empapuçado como uma Cidade Proibida ou uma Grande Muralha. 

O mais impressionante fica para o final: o Buda Maitreya de 26 metros de altura. Se ele parece menor do que o tamanho que tem, é porque 8 metros estão debaixo da terra. Pra se ter idéia, tiveram que construir o hall em volta da estátua, que levou 3 anos para ser transportada do Nepal até Beijing e foi esculpida a partir de uma única árvore de sândalo branco. Tanto trabalho acabou virando recorde: numa pilastra do lado de fora do hall, uma plaquinha exibe orgulhosamente um certificado do Guinness Book. 

 

 

 
Plaquinha na entrada do templo, grafada em chinês, mongol, manchu e tibetano (mas vai saber qual é qual...) 

 

Entre cada grande salão há um pátio como esse, com os queimadores de incenso. 

 

Acender incenso: uma experiência coletiva. 

 
Burn! Burn! Burn! 

 

Bonitão o sino, né? Mas se quiser dar 3 badaladas, tem que pagar 10 yuan (R$2,50). 

 

Várias partes do Lama Temple são proibidas para os visitantes. Senão, não tem monge que agüente. 

 
O aviso é claro: não é pra jogar incenso nem moedas... 

 
...mas a vontade de ter um pedido atendido por Buda fala mais alto. 

 
Jogar moedinha que não vale nada ainda vai, mas galho de árvore? 

 
"Hmmm quero mais!" 


Publicado originalmente no Boca de Gafanhoto

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Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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